Como viver de renda?
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
/Economia
Artigos
A trégua comercial, o alívio e o alerta: o mundo em junho de 2025

A trégua comercial, o alívio e o alerta: o mundo em junho de 2025

O mês de junho começou com trégua comercial entre EUA e China, reacendendo esperanças de estabilidade. Mas os dados mostraram que o cenário ainda é desafiador.

Nos EUA, o payroll de maio superou expectativas: 139 mil vagas de emprego criadas e desemprego estável em 4,2%. Apesar disso, os ISMs, que são indicadores antecedentes — ou seja, ajudam a prever o que virá no PIB e nos dados de emprego — decepcionaram: indústria caiu para 48,5 e serviços para 49,9, ambos em território contracionista.

Em meio ao debate sobre juros, Trump defendeu cortes imediatos, não só como estímulo, mas para reduzir o custo da dívida americana:

“Se o Fed demorar para cortar, perdemos a chance de baixar as taxas sobre a dívida que está vencendo.”

O Fed, banco central norte americano, porém, mantém cautela. A inflação ainda está acima da meta de 2% e, com o mercado de trabalho robusto, o banco central sente-se confortável com o pleno emprego — um de seus mandatos. Diante das incertezas sobre os efeitos da política comercial recém-alterada, o foco segue na trajetória da inflação, aguardando novos dados antes de qualquer movimento.

Na Europa, o BCE (Banco Central Europeu) continuou o ciclo de cortes, reduzindo a taxa de depósito para 2%, com a inflação cheia em 1,9% e o núcleo em 2,4%, abrindo espaço para flexibilização monetária.

Na China, o PMI industrial, índice que mede a atividade do setor, recuou a 48,3, contração pela primeira vez em 8 meses. O governo reagiu rápido: o PBoC (Banco Popular da China) injetou 1 trilhão de yuans (US$ 139 bi) no sistema bancário, maior estímulo desde 2023. O setor de serviços (PMI 51,1) segue em expansão, mas o enfraquecimento da indústria acendeu o alerta.

No Japão, salários nominais subiram (2,3%), mas os reais seguem negativos (-1,8%), corroídos pela inflação, mantendo o debate sobre possível alta de juros.

Trégua comercial: cenário no Brasil

No Brasil, a produção industrial de abril ficou estável, frustrando a expectativa de alta. O dado reforça o efeito defasado do aperto monetário, isto é, os efeitos atrasados das altas de juros. O PIB do 1TRI25 cresceu 1,4%, impulsionado pelo agro, mas os serviços — motor do consumo — vieram fracos. A projeção de crescimento para 2025 foi revisada para 1,9% pelo BTG Pactual e para 2,3% pelo FMI, ambos abaixo dos 3,4% de 2024.

Sobre o IOF, a Fazenda deve apresentar no domingo as medidas substitutas. O mercado segue cético, mas uma proposta estrutural bem desenhada ainda pode surpreender positivamente.

E vale lembrar: “o investidor inteligente é, acima de tudo, um realista — que compra dos pessimistas e vende para os otimistas, como dizia Benjamin Graham, mentor de Warren Buffett. Essa frase talvez nunca tenha feito tanto sentido quanto agora. Em um cenário global turbulento, o mercado tende a precificar o mau humor antes de reconhecer os fundamentos. É aí que o investidor realista encontra valor: aproveita o pessimismo momentâneo para se posicionar e colhe os frutos quando o humor do mercado melhora.