O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adiou para o próximo domingo (8) o anúncio das mudanças no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), após reunião com o presidente Luís Inácio Lula da Silva e os presidentes da Câmara e do Senado no Palácio da Alvorada.
A decisão atende a um pedido dos presidentes Hugo Motta e David Alcolumbre, que solicitaram consulta ao colégio de líderes do Congresso antes de qualquer anúncio oficial.
“Parece que estou sonegando informação, mas estou respeitando um pedido”, disse Haddad em coletiva de imprensa.
A reunião desta terça-feira foi descrita pelos participantes como um momento de “maturidade política” e “sintonia” entre os poderes.
“Há um compromisso de não anunciar nada antes de uma reunião com os líderes — nem mesmo parcialmente — em respeito ao Congresso Nacional, que é quem vai dar a última palavra sobre as propostas encaminhadas”, afirmou o ministro da Fazenda.
O vice-presidente Geraldo Alckmin destacou o caráter histórico do encontro. “Poucas vezes vi um momento de tanta maturidade política, de tanto compromisso com o Brasil e com o interesse público. Houve debate, diálogo, discussão de temas de alto interesse da população e compromisso com a responsabilidade fiscal”, declarou o vice-presidente.
Alternativas estruturais substituem medidas pontuais
Segundo o ministro, as novas propostas vão além de soluções para 2025, configurando uma “reforma estrutural” com “impacto duradouro ao longo do tempo”.
“Devemos ter uma reunião no domingo com os líderes. Enquanto isso, vamos trabalhar uma apresentação formal das medidas com gráficos de impacto para haver uma compreensão precisa do que estamos dizendo”, afirmou Haddad.
O ministro revelou que já apresentou aos presidentes das duas casas legislativas “um rol de medidas que poderão ser discutidas”, com detalhamento técnico avançado.
Hugo Motta confirmou que as discussões evoluíram para “uma pauta que não apenas resolva o problema imediato da questão fiscal de 2025, mas que avance numa discussão mais ampla e estruturante em favor do país”.
Motta havia dado prazo de dez dias para a equipe econômica apresentar proposta “duradoura, consistente e que evite as gambiarras tributárias”.
Cronograma apertado e pressões legais
O ministro enfatizou que algumas medidas têm prazo crítico para implementação.
“Há medidas que não precisam ser definidas imediatamente, temos prazo para votá-las. Mas há outras que precisam ser resolvidas em questão de dias — não semanas”, afirmou Haddad, citando constrangimentos da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Sobre o IOF especificamente, o ministro manteve o suspense. “Eu preciso da aprovação, pelo menos parcial, das medidas, para poder rever o decreto”, declarou Haddad durante a coletiva.
Contexto político favorável
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, elogiou a estratégia de diálogo adotada pelo governo.
“Há no Congresso propostas para derrubar o decreto via PDL, mas antes de qualquer disputa política, o caminho foi o entendimento”, declarou o senador.
Alcolumbre ressaltou ainda que “a disputa entre os poderes não interessa à sociedade brasileira”.
Próximos passos
Até domingo, a equipe técnica da Fazenda preparará “apresentação formal das medidas, com análise de impacto, gráficos, tudo que for necessário para que haja uma compreensão bastante precisa do que estamos propondo”, explicou Haddad.
A reunião com os líderes definirá quais propostas seguirão para votação.
O IOF, que havia sido aumentado em 22 de maio para arrecadar R$ 20,5 bilhões em 2025, já sofreu recuo parcial após repercussão negativa, com o governo abrindo mão de R$ 2 bilhões este ano em investimentos no exterior.
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