Como viver de renda?
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
Economia
Notícias
Tarifaço de Trump: o dia em que o livre comércio foi abalado

Tarifaço de Trump: o dia em que o livre comércio foi abalado

Na última quarta-feira (2), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um pacote tarifário que promete remodelar o comércio global. Chamado por muitos de “tarifaço”, o pacote estabeleceu uma tarifa geral de 10% sobre todas as importações, além de uma taxa de 25% sobre veículos estrangeiros.

Trump argumentou que a medida visava “fortalecer a economia americana” e corrigir o que definiu como “anos de pilhagem contra os EUA”.

As novas tarifas entraram em vigor à meia-noite do mesmo dia e fizeram parte de um decreto batizado de “tarifas recíprocas”, determinando que os EUA passariam a aplicar as mesmas taxas que outros países impõem aos seus produtos.

“O que eles fazem conosco, faremos com eles”, declarou Trump em um pronunciamento ao vivo. Segundo ele, o objetivo era trazer empregos de volta e impulsionar a indústria americana.

Impactos globais do ‘Tarifaço de Trump’

O avanço do protecionismo norte-americano gerou ondas de choque nos mercados internacionais, atingindo grandes parceiros comerciais como China, Reino Unido, Brasil e países da União Europeia.

O Brasil, por exemplo, passou a ter todos os seus produtos taxados em 10%, enquanto a China foi alvo da tarifa mais severa, de 34% — um claro sinal de endurecimento nas relações comerciais entre os países.

Na tentativa de estimular a produção doméstica, Trump deixou claro que empresas que transferirem suas operações para dentro dos Estados Unidos ficarão livres das cobranças. “Quem produzir nos EUA não vai pagar tarifa nenhuma”, afirmou o presidente, reforçando sua política de reindustrialização e o apelo ao fortalecimento da economia nacional.

O contra-ataque chinês

Na sexta-feira (4), Pequim respondeu com força. A China anunciou a imposição de tarifas de 34% sobre produtos americanos e classificou diversas empresas dos EUA como entidades “não confiáveis”. Além disso, prometeu incluir novas companhias na lista de controle de exportações.

Esse movimento foi interpretado como uma escalada direta na disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo. A retaliação aumentou os temores de recessão e provocou quedas generalizadas nos mercados globais. Segundo o analista internacional do EQI+, aplicativo da EQI Investimentos, Marink Martins, esse dia passou a ser chamado de “o dia em que o livre comércio morreu”.

Pânico nos mercados e o baque nas big techs

Neste dia, as bolsas ao redor do mundo reagiram com forte aversão a risco. As ações das gigantes de tecnologia americanas, que vinham de um ciclo positivo em 2024 com a ascensão das “Sete Magníficas”, sofreram um revés. Apple, Tesla, Nvidia e Amazon fecharam o pregão pós-mercado com perdas entre 2% e 3%.

Para Martins, esse movimento marca uma virada em relação ao ano passado. “É o oposto do que vimos em 2024, quando o setor tech liderava os ganhos”, destacou. Diante da volatilidade, ele orientou cautela: “O investidor agora precisa repensar sua exposição, reduzir alavancagem e, se possível, focar em ações ligadas a consumo essencial”.

O dilema americano e a possível resposta fiscal

Mas se de um lado o tarifaço abalou as bolsas e freou o apetite por risco, de outro, Trump buscou reforçar sua narrativa de crescimento econômico. O presidente anunciou que grandes empresas — entre elas Apple, Nvidia, Meta, Honda e Hyundai — já confirmaram investimentos bilionários nos Estados Unidos.

Ao todo, seriam US$ 6 trilhões injetados na economia americana, numa tentativa clara de impulsionar a produção doméstica. “Os empregos já estão voltando, vocês estão vendo”, afirmou Trump com entusiasmo.

Ainda assim, especialistas alertam para os efeitos colaterais. Marink aponta que, apesar do otimismo presidencial, as tarifas funcionam como um imposto indireto sobre o consumidor americano, encarecendo produtos e pressionando a inflação.

Nesse contexto, uma resposta do governo pode vir por meio de estímulos fiscais, especialmente cortes de impostos — uma das promessas de campanha de Trump. “Para equilibrar isso, Trump pode intensificar o estímulo fiscal. É uma forma de compensar o custo das tarifas para o consumidor e manter sua popularidade”, avaliou Marink.

Mudança estrutural no cenário global

O analista ainda destaca que o cenário é inflacionário para os EUA, mas tende a ser deflacionário para o resto do mundo. E isso pode beneficiar o Brasil. “É música para nós. Um dólar mais fraco e saída de capital dos EUA podem permitir ao nosso Banco Central reduzir os juros, o que ajudaria na valorização dos ativos locais”, comenta Marink.

Além disso, o especialista acredita que a atual movimentação marca uma mudança estrutural: “Antes era EUA contra a China, agora é EUA contra todo mundo”, diz. O protecionismo de Trump se tornou um movimento contra o sistema globalizado como um todo.

A tensão continua: o próximo capítulo

Nesta segunda-feira (7), o mercado acordou em pânico com a continuidade da crise. Em nova escalada, Trump deu um ultimato à China: ou suspende as tarifas retaliatórias até terça-feira (8), ou os EUA imporão novas tarifas de 50%. “Se isso não for atendido, todas as conversas com a China serão encerradas”, ameaçou o presidente em sua rede social.

Marink relembrou uma frase marcante dita pelo personagem de Trump no filme O Aprendiz: “Mesmo que você esteja errado, nunca admita”. Para o analista, essa máxima traduz com precisão a postura atual do presidente.

“Trump sabe exatamente o que está fazendo. Ele não está jogando para o mercado, mas sim para o público interno — especialmente o eleitorado mais sensível à questão do emprego e da taxa de juros”, avaliou.

Essa estratégia, porém, levanta uma questão importante no cenário global. A grande dúvida agora é: os Estados Unidos continuarão sendo o porto seguro do mundo?”, provoca Marink, diante do abalo na confiança internacional causado pelo tarifaço.

Enquanto o Federal Reserve se prepara para definir seus próximos passos e os investidores tentam se adaptar ao novo normal de tensões comerciais, o mundo segue em alerta, acompanhando os desdobramentos da nova guerra tarifária iniciada por Trump.

Você leu sobre o Tarifaço de Trump. Para investir melhor, consulte os e-books, ferramentas e simuladores gratuitos do EuQueroInvestir! Aproveite e siga nosso canal no Whatsapp!