O presidente do Fed, Jerome Powell, elogiou as universidades americanas como “um bem nacional crucial” e pediu aos estudantes que se comprometam com a proteção da democracia. A declaração foi feita durante um discurso de formatura na Universidade de Princeton, neste domingo (25), em meio a crescentes tensões entre o governo dos Estados Unidos e as instituições de ensino superior.
“Nós lideramos o mundo em muitos aspectos, inclusive na inovação científica e no dinamismo econômico”, afirmou o presidente do banco central dos EUA aos formandos.
Na mesma ocasião, ele destacou a importância das universidades americanas, classificando-as como “a inveja do mundo e um patrimônio nacional crucial”. Powell ressaltou que os EUA lideram globalmente em inovação científica e dinamismo econômico, muito em função da excelência dessas instituições.
Críticas ao governo e cortes no financiamento à educação
O discurso ocorre em um momento sensível para o ensino superior americano. Recentemente, o governo de Donald Trump intensificou ataques às universidades, acusando-as de promover doutrinação política e antissemitismo. Entre as ações mais polêmicas está a proibição temporária, posteriormente bloqueada pela Justiça, que impedia a Universidade de Harvard de matricular estudantes internacionais, afetando diretamente o futuro de mais de 6,5 mil alunos.
Além disso, cortes bilionários no financiamento federal colocaram as universidades sob forte pressão. A situação gerou preocupações na comunidade acadêmica e estimulou países europeus, como a França, a convidar renomados pesquisadores americanos a migrarem para seus centros de ensino.
Chamado à responsabilidade e à integridade dos formandos
Em seu discurso, Powell advertiu os formandos a não considerarem as conquistas democráticas como garantidas. “Daqui a cinquenta anos, você vai querer olhar no espelho e saber que fez o que achou certo, em todos os aspectos da sua vida”, declarou.
O presidente do Fed também encorajou os recém-graduados a assumirem riscos, explorarem carreiras no serviço público e protegerem sua integridade “cuidadosamente”. Ele reforçou: “Sua integridade é tudo o que você tem.”
Conflitos com o governo e defesa da independência do Fed**
Jerome Powell, nomeado por Donald Trump para o comando do Fed, tem sido alvo de críticas frequentes do presidente por resistir à redução rápida das taxas de juros, mantendo-as entre 4,25% e 4,5% neste ano. Trump chegou a apelidar Powell de “Sr. Tarde Demais” e “grande perdedor”, além de sugerir, por meio de auxiliares, possíveis ações para destituí-lo.
Em resposta, Powell reiterou seu compromisso com a independência do Fed e com a manutenção de seu mandato até 2026, ressaltando que sua demissão por divergências sobre política monetária “não é permitida por lei”.
Na mesma semana, a Suprema Corte reforçou a autonomia do banco central, indicando que a Casa Branca não pode interferir na definição da política monetária através da demissão de membros do comitê de juros.
Um discurso que ecoa em tempos de incerteza
O pronunciamento de Powell em Princeton transcende o contexto acadêmico e reflete um momento de grande tensão política e institucional nos Estados Unidos. Ao exaltar o papel das universidades americanas e exortar os estudantes a protegerem a democracia, o presidente do Fed reforçou a importância das instituições educacionais não apenas como centros de conhecimento, mas como pilares da sociedade democrática.