O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, foi evasivo ao traçar um possível cenário futuro para taxa de juros dos Estados Unidos nesta terça-feira (14). Ao discursar na conferência da Associação Nacional de Economia Empresarial, na Filadélfia, Powell manteve o mistério sobre o futuro de curto e longo prazo das taxas norte-americanas.
Sobre o cenário mais amplo das taxas, Powell manteve a cautela, alinhando-se à recente preocupação do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) sobre o encolhimento do mercado de trabalho.
“Neste mercado de trabalho menos dinâmico e um pouco mais fraco, os riscos de queda para o emprego parecem ter aumentado”, disse ele.
Embora o FOMC tenha reagido a essa situação em setembro com um corte de 25 pontos-base na taxa básica, e apesar das fortes expectativas do mercado por mais dois cortes este ano, Powell manteve-se evasivo.
“Não há um caminho isento de riscos para a política enquanto navegamos na tensão entre nossas metas de emprego e inflação”, concluiu.
“O Fed continua analisando as condições com base nos dados disponíveis, muitos dos quais foram atrasados pela recente paralisação do governo, mas indicam um crescimento da atividade econômica “um pouco mais firme do que o esperado”, disse ele.
Jerome Powell e o aperto quantitativo
Ele também sugeriu que o banco central dos Estados Unidos está se aproximando do ponto de encerrar a redução do seu balanço patrimonial, um processo conhecido como “aperto quantitativo”. Ele informou com clareza sobre a política do Fed em relação ao seu estoque de títulos que totaliza mais de US$ 6 trilhões.
Embora não tenha fornecido uma data exata, Powell indicou que o Fed está se aproximando da sua meta de manter reservas “amplas” disponíveis para os bancos, um nível considerado ideal para evitar a circulação de capital em excesso no sistema financeiro.
“Nosso plano, há muito tempo, é interromper o escoamento do balanço patrimonial quando as reservas estiverem um pouco acima do nível que julgamos consistente com condições de reservas amplas”, disse Powell.
“Podemos nos aproximar desse ponto nos próximos meses e estamos monitorando de perto uma ampla gama de indicadores para embasar essa decisão.”
Desde meados de 2022, o Fed tem permitido que os rendimentos de títulos do Tesouro e títulos lastreados em hipotecas não sejam reinvestidos, diminuindo gradualmente o balanço que chegou a quase US$ 9 trilhões durante a pandemia de Covid.
Powell observou que já “começaram a surgir alguns sinais de que as condições de liquidez estão se estreitando gradualmente”, o que poderia sinalizar que uma redução mais drástica nas reservas poderia prejudicar o crescimento econômico. No entanto, ele reiterou que o Fed não planeja retornar ao balanço patrimonial pré-Covid, que estava em torno de US$ 4 trilhões.
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