O PMI de Serviços do Brasil recuou novamente em junho, marcando o terceiro mês consecutivo de queda na atividade do setor. Segundo dados da S&P Global, o índice registrou 49,3, abaixo dos 49,6 em maio, abaixo da expectativa de 49,8. Qualquer número abaixo de 50 indica contração. O desempenho consolida o pior trimestre desde o segundo trimestre de 2021.
A retração do PMI de serviços do Brasil foi impulsionada por condições desafiadoras de demanda, elevação dos custos e dificuldades em gerar novos pedidos. Mesmo com a inflação de preços cobrados desacelerando para o nível mais baixo em 13 meses, a taxa continua acima da média histórica, refletindo a pressão persistente sobre os custos de insumos — especialmente em produtos de limpeza, materiais de construção, mão de obra, alimentos, combustíveis e contas de serviços públicos.

Custo alto, confiança baixa
Empresas relataram queda no volume de vendas e mantiveram uma postura cautelosa em relação ao futuro. Apesar do leve crescimento na criação de empregos no setor, o otimismo dos empresários foi o menor desde março de 2025.
A incerteza política também pesa. “As empresas de serviços teriam enfrentado vários desafios em junho, incluindo altos custos de empréstimos, pressões elevadas sobre os preços e escassez de novos pedidos. Esses fatores, juntamente com a eleição presidencial de 2026, prejudicaram a confiança nos negócios”, comentou Pollyanna De Lima, Diretora Associada Econômica da S&P Global Market Intelligence.
Além da concorrência acirrada e dos juros elevados, a falta de novos pedidos impacta diretamente a precificação dos serviços. Apesar da desaceleração na inflação, as margens continuam pressionadas, obrigando as empresas a adotarem estratégias mais conservadoras.
PMI Composto também aponta fraqueza econômica
O PMI Composto — que agrega dados dos setores de serviços e industrial — também retraiu em junho, caindo de 49,1 para 48,7, o pior resultado desde janeiro e abaixo da projeção do mercado de 49,7. O recuo sinaliza uma contração moderada, mas consistente, da economia brasileira como um todo.
Ambos os setores sofreram redução na atividade e nos novos pedidos, com maior impacto na indústria. A criação de empregos foi desigual: enquanto o setor de serviços continuou a contratar modestamente, a indústria reduziu seu quadro. Essa divergência manteve o crescimento de empregos no setor privado em ritmo lento — o menor dos últimos oito meses.
A inflação de custos voltou a acelerar, mas a elevação nos preços finais foi limitada. “As empresas dos setores industrial e de serviços do Brasil vivenciaram um aumento nas pressões sobre os custos, mas os aumentos nos preços de venda foram relativamente moderados”, explicou Pollyanna De Lima.

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