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PMI Industrial do Brasil registra queda nas exportações

PMI Industrial do Brasil registra queda nas exportações

O PMI Industrial do Brasil, indicador mensal que mede o desempenho do setor da indústria, caiu de 49,4 em maio para 48,3 em junho, segundo dados da S&P Global. Esse índice abaixo de 50 sinaliza retração na atividade, e a marca de junho representa a pior deterioração desde julho de 2023.

A principal causa da queda foi o encolhimento acelerado dos novos pedidos para exportação, o que afetou diretamente a produção, os pedidos internos e até o nível de emprego nas fábricas. Com isso, o segundo trimestre terminou com o pior desempenho industrial desde o fim de 2023.

PMI setor industrial do Brasil
Divulgação PMI S&P Global

Exportações enfraquecem e pedidos desabam

A retração nas exportações foi a mais forte desde janeiro de 2023, com destaque para a perda de demanda de mercados-chave como América do Norte e América do Sul. Essa redução externa teve efeito direto na queda dos novos pedidos, que já vinham em queda há dois meses e aceleraram em junho.

Esse cenário negativo impôs um freio adicional à atividade do PMI industrial do Brasil. As empresas relataram que, com a falta de novos negócios, não havia como sustentar os níveis de produção anteriores. A contração na produção foi a mais intensa dos últimos dois anos, sinalizando perda significativa de dinamismo no setor.

Emprego e estoques entram em rota de ajuste

Um dos efeitos colaterais mais sensíveis da desaceleração foi a redução no número de funcionários. Em junho, o PMI industrial do Brasil cortou empregos pela primeira vez em 23 meses. A medida, embora modesta, marca o início de uma resposta defensiva das empresas à queda da demanda.

Outro reflexo claro do desaquecimento foi a retração na compra de insumos. As fábricas reduziram suas aquisições pelo terceiro mês consecutivo, promovendo também cortes nos estoques de pré-produção e produtos acabados. Isso mostra um movimento para enxugar operações e preservar caixa.

Inflação industrial segue moderada, mas custos sobem

Embora a inflação de custos tenha acelerado levemente em junho, ela ainda ficou abaixo da média de longo prazo da série histórica. Os insumos mais citados como responsáveis pelo aumento de preços foram alimentos, metais e componentes eletrônicos. Mesmo assim, os preços cobrados pelos produtos industriais cresceram apenas de forma marginal.

Essa moderação nos preços ao produtor ajudou a evitar um repasse mais agressivo ao consumidor final. A manutenção de preços controlados em meio à pressão de custos reflete uma postura cautelosa das empresas, preocupadas com a sensibilidade da demanda em um cenário de desaceleração.

Cadeia de suprimentos mostra sinais de alívio

Houve uma melhora importante no desempenho da cadeia de suprimentos. Os prazos de entrega apresentaram o menor nível de atraso em 15 meses, sugerindo que a logística está se estabilizando.

Com essa melhoria, as empresas não precisam mais manter estoques elevados como forma de se proteger de possíveis rupturas. Isso reduz custos logísticos e operacionais, além de permitir maior agilidade no ajuste à demanda real.

Confiança empresarial resiste em meio à turbulência

Mesmo diante do cenário adverso, a confiança das empresas do setor industrial cresceu. Em junho, o otimismo alcançou o maior nível em 14 meses, sustentado por expectativas de redução das taxas de juros e uma possível retomada da demanda interna nos próximos meses.

Essa expectativa positiva, no entanto, ainda não se traduziu em melhora dos indicadores reais. A maioria das empresas segue operando abaixo da capacidade plena e com foco em controle de custos, enquanto aguarda sinais mais concretos de recuperação.

Enfraquecimento além do esperado

Segundo Pollyanna De Lima, diretora associada de Economia da S&P Global Market Intelligence, os dados de junho foram um balde de água fria nas esperanças de estabilização do setor: “O setor industrial do Brasil perdeu ainda mais impulso em junho. As quedas moderadas em novos pedidos em abril e maio tinham dado alguma esperança de que a retração fosse um problema temporário, mas os resultados mais recentes minam esse otimismo. A produção e as vendas totais caíram às taxas mais acentuadas desde junho e dezembro de 2023, respectivamente.

De acordo com a diretora, houve também uma queda notável na demanda de exportação, uma sólida redução na atividade de compras e a primeira rodada de demissões em quase dois anos. O fato de as empresas continuarem trabalhando na redução de seus estoques não é um bom presságio para a produção no curto prazo.

“Apesar disso, o Índice de Prazo de Entrega dos Fornecedores ficou muito próximo da estabilização, sugerindo que as cadeias de suprimentos estavam operando de forma muito mais tranquila e significando que as empresas não precisam manter estoques excedentes como proteção contra a escassez. Outro fator que poderia ter restringido a compra de matérias-primas foi o aumento das pressões sobre os custos. Os preços ao produtor, por outro lado, aumentaram apenas marginalmente em junho”, finaliza.

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