A crise entre Paquistão e Índia cresceu nesta segunda-feira (28) a ponto do ministro da Defesa paquistanês, Khawaja Muhammad Asif, admitir que uma incursão indiana no território de seu país pode ocorrer nos próximos dias. Em paralelo, o deputado indiano Nishikant Dabi, disse durante sessão no parlamento que o país vizinho será dividido em quatro territórios até o fim deste ano.
Os dois países, que compartilham uma fronteira na Ásia, começaram a entrar em rota de colisão após um atentado contra turistas na Caxemira, região que é disputada por eles há anos. O ataque ocorreu no dia 22, e o ministro paquistanês chegou a condenar o ataque, cuja autoria foi assumida pelo grupo extremista “Resistência da Caxemira”.
De acordo com a Índia, dois paquistaneses fazem parte do grupo e o primeiro-ministro Narendra Modi, disse que irá buscar e punir os responsáveis pelo ataque.
Paquistão e Índia: dois países nucleares
A questão ganha preocupação porque as duas nações possuem armas nucleares e ambas têm realizado testes nucleares. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o Paquistão possui 170 ogivas nucleares, enquanto a Índia tem 160, em números confirmados pela entidade internacional.
Mais cedo, o ministro da Defesa paquistanês alegou que só usará as armas nucleares se “houver uma ameaça direta” ao país.
A região da Caxemira continua sendo um dos focos mais sensíveis de tensão entre a Índia e o Paquistão, mais de sete décadas após a independência do domínio britânico e a subsequente partição do subcontinente em 1947. O território montanhoso, estrategicamente localizado no norte da Índia, é reivindicado integralmente por ambos os países, embora atualmente esteja dividido entre administração indiana e paquistanesa.
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O conflito pela Caxemira começou imediatamente após a partição, quando o então marajá local hesitou em escolher entre a Índia e o recém-criado Paquistão. Uma invasão por tribos apoiadas pelo Paquistão levou o governante a pedir ajuda militar à Índia, que aceitou mediante a assinatura do Instrumento de Adesão. Desde então, a região foi palco de três guerras — em 1947, 1965 e 1999 — e de frequentes confrontos armados.
Para a Índia, a Caxemira é vista como uma questão de integridade territorial. Nova Délhi insiste que, como a região aderiu formalmente à União Indiana, não há espaço para negociações sobre sua soberania. Além disso, a Caxemira tem grande importância estratégica, com suas cadeias montanhosas servindo como barreira natural contra incursões vindas do norte e sua posição geográfica oferecendo vantagens militares e diplomáticas.
Já para o Paquistão, a Caxemira representa a conclusão da partição religiosa do subcontinente. Sendo a maioria da população caxemira de religião muçulmana, Islamabad argumenta que a região deveria ter se juntado ao Paquistão, seguindo a lógica que guiou a criação do país. A causa da Caxemira também é uma bandeira importante para o nacionalismo paquistanês e uma ferramenta de mobilização interna.
Além dos fatores políticos e identitários, a Caxemira é valiosa por seus recursos hídricos. Diversos rios que alimentam importantes sistemas agrícolas tanto na Índia quanto no Paquistão nascem nessa região, aumentando ainda mais a importância estratégica do território.
Atualmente, a Linha de Controle (LoC) divide a Caxemira entre a Índia e o Paquistão, mas episódios de violência e acusações mútuas de violações da trégua são constantes. A situação se agravou em 2019, quando a Índia revogou o status especial da região de Jammu e Caxemira, aumentando a tensão com o Paquistão e provocando críticas internacionais.