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Macro Day: painel com Mansueto Almeida revela desafios da política monetária global

Macro Day: painel com Mansueto Almeida revela desafios da política monetária global

O Macro Day, evento do BTG Pactual realizado nesta segunda-feira (22), discutiu o cenário macroeconômico global, que atravessa um momento de inflexão, com a política monetária ocupando posição central nas discussões econômicas tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil.

Durante o painel “Perspectivas Macroeconômicas”, os especialistas Eduardo Loyo, sócio do BTG, Mansueto Almeida, sócio e economista-chefe,  Samuel Pessôa, pesquisador macroeconômico, e Tiago Berriel, sócio e estrategista-chefe do BTG, ofereceram uma análise detalhada sobre os desafios que moldam as decisões de 2025. Confira!

Estados Unidos: Fed em busca do equilíbrio

A política monetária americana enfrenta um dilema complexo após a redução da taxa de juros para 4,25% na semana anterior ao evento. Tiago Berriel destacou que “uma parte grande da história é fiscal” ao explicar a desaceleração econômica americana. Segundo ele, as transferências governamentais durante a pandemia criaram um excesso de poupança nas famílias que está se exaurindo, criando pressões deflacionárias naturais.

O estrategista explicou que o Federal Reserve possui “um arcabouço muito claro” com dois mandatos: pleno emprego e inflação na meta. Com o mercado de trabalho mostrando sinais de abertura, Berriel acredita que “o Fed vai mais do que só mais dois cortes, a gente vai para perto da neutra, talvez abaixo da neutra”.

Pressões políticas sobre o cenário macro

Eduardo Loyo, sócio do BTG Pactual, abordou as crescentes pressões políticas sobre o Fed americano.

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“Estamos tendo mecanismos de pressão sobre o Fed que transcendem os mecanismos mais tradicionais”, observou. No entanto, Loyo pondera: “Para qualquer nível de pressão do Executivo que a gente imagine haver sobre as decisões de política monetária, eu tenderia, no mais das vezes, a dar um certo desconto”.

Samuel Pessôa complementou a análise sugerindo que os Estados Unidos caminham para “um juro real mais baixo e um câmbio mais desvalorizado”, reflexo de uma política monetária mais acomodatícia que deve se perpetuar nos próximos meses.

Brasil: entre o ajuste fiscal e a política monetária

No cenário brasileiro, Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual, apresentou um diagnóstico preocupante sobre as finanças públicas que impacta diretamente as decisões de política monetária.

“O Brasil vai terminar esse governo com um déficit nominal médio de 8,5% do PIB, é um dos maiores do mundo”, alertou.

A trajetória da dívida pública, que saltará de 72% para 84% do PIB de 2022 até o final do atual governo, cria pressões adicionais sobre a política monetária.

“É muito difícil acreditar que um país vai conseguir um crescimento sustentável com um juro real de longo prazo 7% ao ano”, pontuou Almeida.

Desafios para a política monetária brasileira

Tiago Berriel ofereceu uma perspectiva otimista, argumentando que o crescimento explosivo do gasto público federal de 17% no atual governo, comparado aos 9% dos oito anos anteriores, causou pressões inflacionárias que elevaram a taxa de juros real.

“Se a gente fizer um pequeno ajuste nessa trajetória explosiva de crescimento do gasto do governo, a gente vai ter uma revisão da taxa de juros real de curto prazo e de longo prazo”, previu.

O mercado de trabalho brasileiro é outro ponto que apresenta desafios específicos para a política monetária. Samuel Pessôa reconheceu que “o mercado de trabalho está aquecido” com desemprego abaixo da taxa que não acelera inflação, estimada entre 7,5% e 8%, enquanto a taxa atual gira em torno de 6%.

Perspectivas para 2025

Eduardo Loyo adotou postura cautelosa sobre o início de um ciclo de afrouxamento da política monetária brasileira.

“Eu acho que o Banco Central deveria esperar para ver sinais de que o mercado de trabalho começa a abrir um pouco mais o hiato”, defendeu. Sua visão contrasta com modelos que sugerem possível início de cortes no primeiro trimestre de 2025.

A inflação de serviços, rodando em torno de 6% após atingir 8% no início do ano, permanece como desafio para o cenário macro. Tiago Berriel alertou para riscos eleitorais e fiscais que podem complicar a trajetória desinflacionária:

“Historicamente, sem nenhum julgamento de valor sobre esse ciclo eleitoral, a gente tem uma política fiscal mais expansionista”.

O painel evidenciou que o cenário macro, tanto para os Estados Unidos quanto para o Brasil, navega em águas turbulentas, balanceando pressões inflacionárias, desaceleração econômica e incertezas políticas. As decisões dos próximos meses serão cruciais para determinar se os bancos centrais conseguirão manter a estabilidade de preços sem comprometer o crescimento econômico.

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