O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teceu críticas à condução da política monetária e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Segundo ele, a atual taxa Selic, de 10,50% ao ano, é “irreal para uma inflação de 4%”, disse Lula nesta sexta-feira (28) em entrevista à rádio FM O Tempo.
“O presidente da República não tem a função de ficar brigando com presidente do Banco Central, mas eu acho que ele não está fazendo o que deve fazer corretamente“, disse.
Sobre a taxa básica de juros, Lula disse que o cenário melhorará quando “puder indicar o presidente do Banco Central, que vai ao Senado, para construirmos uma nova filosofia“.
Em relação à decisão do Conselho Monetário Nacional, que se reuniu nesta semana, de manutenção da meta de inflação em 3%, a ser perseguida agora de forma contínua, Lula afirmou que ocorreu porque “a gente não quer brincar”.
“Mantivemos a meta porque a gente não quer brincar. Não brigo com a inflação porque vivi inflação de 80% ao mês“, disse o presidente. “Eu quero que a inflação não coma o salário do trabalhador.”
Quem será o novo presidente do Banco Central?
O mandato de Roberto Campos Neto no Banco Central vai até 31 de dezembro de 2024. Há sugestões de que Lula poderá antecipar para agosto a indicação do novo presidente do BC, a fim de uma transição mais tranquila para o cargo. O nome será submetido ao Senado até 22 de dezembro deste ano, antes do recesso parlamentar.
Em entrevista recente,, Lula afirmou que a atuação da autoridade monetária está “desajustada” e que seu presidente não demonstra “nenhuma capacidade de autonomia”, mas sim um “lado político” e um esforço em “prejudicar o país”.
O presidente também utilizou termos como “maduro” e “calejado” para descrever o perfil de seu próximo indicado à liderança do Banco Central.
O principal nome cotado como novo presidente do BC é Gabriel Galípolo, de apenas 42 anos. Atualmente, Galípolo é diretor de Política Monetária da autoridade, indicado pelo próprio governo.
Com as críticas de Lula à gestão do BC, agentes do mercado passaram a enxergar um possível enfraquecimento de Galípolo na corrida para o cargo. Neste mês, o Copom optou por manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, em decisão unânime.
Nomes como o do ex-diretor do BC Luiz Awazu, ex-ministro Guido Mantega e até de Aloizio Mercadante, atual presidente do BNDES, passaram a ganhar força entre as especulações do mercado para o novo presidente do BC.
Lula diz que indicação para presidente do BC não depende do mercado
O presidente Luis Inácio Lula da Silva afirmou que a indicação do presidente do Banco Central (BC) deve ser feita pensando nos interesses do Brasil, e não do mercado.
“Eu não indico o presidente do BC para o mercado. Ele vai ter que tomar conta dos interesses do Brasil. Mercado tem que se adaptar a isso”, argumentou Lula em entrevista ao portal UOL na manhã de quarta-feira (26).
A declaração foi feita em meio a questionamentos de jornalistas sobre possíveis candidatos para ocupar a vaga na instituição após a saída de Roberto Campos Neto, prevista para dezembro deste ano.
Entre os nomes mencionados estavam Aloizio Mercadante e Guido Mantega, mas o mais cotado até o momento é Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do BC.
“É um companheiro altamente preparado, conhece o sistema financeiro. Mas ainda não estou pensando na questão do BC”, disse Lula sobre Galípolo.