O JPMorgan (JPM; JPMC34) revisou suas projeções e passou a estimar nesta quinta-feira (28) que o Comitê de Política Monetária (Copom) elevará a taxa básica de juros em 1 ponto percentual na reunião marcada para os dias 10 e 11 de dezembro.
Segundo o banco americano, a mudança reflete o diagnóstico de um aprofundamento do conflito entre política fiscal e monetária após o anúncio do pacote fiscal do governo federal.
O JPMorgan aponta que o pacote fiscal apresentado não conseguiu “recuperar a credibilidade da política econômica”. Diante disso, o banco revisou para cima a previsão para a Selic no final do atual ciclo de alta, de 13% para 14,25%.
Anteriormente, o JPMorgan projetava que o Banco Central (BC) manteria um ritmo de elevações de 0,50 ponto percentual por reunião até março, após o Copom ter elevado a taxa de juros para 11,25% no início deste mês. Contudo, o câmbio mais fraco e o aumento das expectativas de inflação devem pressionar ainda mais o cenário inflacionário, afirmam os economistas do banco.
Conflito fiscal-monetário
O banco avalia que a abordagem fiscal do governo pode agravar as pressões inflacionárias e comprometer as expectativas econômicas.
Para os economistas do JPMorgan, a política fiscal deveria tomar medidas estruturais para evitar uma deterioração adicional das expectativas, algo que, segundo eles, não se confirmou com o pacote anunciado.
“Tínhamos previsto que a política fiscal tomaria as medidas necessárias para evitar uma espiral negativa de expectativas, não apenas mantendo o arcabouço fiscal, mas também convencendo os participantes do mercado de que faria isso pelo menos até 2026. No entanto, o anúncio fiscal desta semana refutou essa suposição“, avaliaram.
Impacto limitado e estimativas questionáveis
O JPMorgan questionou os números do pacote fiscal, considerando as estimativas do governo excessivamente otimistas. Os economistas do banco antecipam que dos R$ 30,6 bilhões anunciados como economia para 2025, o valor efetivo pode ser reduzido pela metade, chegando a R$ 15 bilhões, cerca de 0,1% do PIB.
Além disso, a proposta de reforma do imposto de renda, que prevê redução de tributos para famílias de renda média e aumento para as de maior renda, é vista como arriscada.
O banco alertou para a possibilidade de que apenas os cortes de impostos sejam aprovados no Congresso, resultando em uma redução na arrecadação de até 0,3% do PIB e ampliando o déficit fiscal em 2026.
Mesmo na hipótese de neutralidade tributária, a reforma pode aumentar a renda disponível de consumidores com alta propensão a gastar, o que não seria neutro do ponto de vista da demanda e da inflação.
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Selic mais alta como contramedida
Para o JPMorgan, o descompasso entre política fiscal e monetária reforça a necessidade de um aperto monetário mais severo para conter os efeitos inflacionários do pacote fiscal.
“A deterioração das expectativas econômicas devido aos riscos fiscais está levando a uma depreciação adicional do câmbio e a uma nova rodada de pressões inflacionárias“, destacaram.
O banco também chamou atenção para o impacto do crescimento econômico acima do potencial, que superou 3% nos últimos dois anos, em contraste com uma estimativa de crescimento potencial de 2%. Esse superaquecimento, combinado com as políticas fiscais do governo, torna os riscos inflacionários ainda mais significativos.
Nesse contexto, o JPMorgan reforça que a política monetária precisará ser mais contundente para neutralizar os efeitos fiscais e evitar uma piora nos desequilíbrios econômicos.
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