O Índice de Preços ao Produtor (IPP), principal termômetro dos preços ao produtor, registrou nova retração em maio de 2025, com queda de 1,29% frente ao mês anterior (-0,12). Esse é o quarto recuo consecutivo do indicador, consolidando uma tendência negativa após um ano de altas. Após seguidas retrações, o dado de maio representa o maior tombo mensal desde junho de 2023 (-2,72%).

Com o resultado do mês, o acumulado do IPP no ano chega a -1,97%, a segunda maior retração no período de janeiro a maio de toda a série histórica, perdendo apenas para 2023. Em 12 meses, ainda há alta: 5,78%. Mas o sinal de alerta já está aceso entre analistas e setores industriais.
Commodities e câmbio puxam os preços para baixo
Segundo Murilo Alvim, gerente da pesquisa no IBGE, dois fatores explicam o comportamento recente do IPP: a queda no preço das commodities e a valorização do real frente ao dólar. Em maio, o dólar recuou 2%, acumulando queda de 7,1% no ano. Esse movimento cambial influencia diretamente setores que lidam com insumos importados ou exportam produtos cotados em moeda estrangeira.
A retração dos preços de insumos como soja e cana-de-açúcar, em plena safra, puxou para baixo o setor de alimentos, que teve queda de 1,33% no mês. Produtos como açúcar VHP e óleos vegetais ficaram mais baratos, acompanhando a desvalorização das commodities no mercado internacional.
Impactos setoriais: da energia à química
Entre as 24 atividades industriais pesquisadas, 17 apresentaram queda nos preços. Destaque para refino de petróleo e biocombustíveis (-2,77%), outros produtos químicos (-3,11%), metalurgia (-3,46%) e indústrias extrativas (-3,03%).
No refino de petróleo, a retração foi puxada por derivados como óleo diesel, nafta e óleos combustíveis. Já na indústria química, os derivados de petróleo, como propeno e polipropileno, tiveram papel central nas quedas.
A cadeia de bens intermediários, altamente sensível ao câmbio e às cotações internacionais, liderou a pressão sobre o índice geral, com influência de -1,29 ponto percentual na variação de maio.
Próximos passos
A próxima divulgação do IPP (Índice de Preços ao Produtor), referente a junho, está marcada para 7 de agosto. Até lá, o comportamento do dólar e dos preços internacionais continuará sendo o fator decisivo para o rumo dos preços industriais no Brasil.
O que é o IPP e por que ele importa?
O Índice de Preços ao Produtor (IPP) mede a variação média dos preços recebidos por indústrias extrativas e de transformação na “porta de fábrica” — ou seja, sem considerar impostos ou fretes. Ele é produzido pelo IBGE com base em mais de 6 mil preços coletados mensalmente em cerca de 2.100 empresas.
Por sua capacidade de antecipar tendências inflacionárias e indicar custos produtivos, o IPP é uma ferramenta crucial para economistas, investidores e tomadores de decisão nos setores público e privado.
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