O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta terça-feira (1º) do lançamento do Plano Safra 2025/2026 voltado para a agropecuária industrial. O programa vai liberar R$ 516,2 bilhões em crédito rural para médios e grandes produtores, o maior volume já destinado ao setor empresarial. O montante representa um aumento de 1,5% em relação ao ciclo anterior.
O pacote de financiamento, mesmo em um cenário de juros elevados e tensões com o setor produtivo, sinaliza o esforço do governo em manter o apoio à produção agropecuária nacional. Os recursos serão divididos em R$ 414,7 bilhões para custeio e comercialização e R$ 101,5 bilhões para investimentos.
Taxas de juros sobem, mas governo oferece incentivo à sustentabilidade
A nova edição do Plano Safra traz juros mais altos, que variam de 8,5% a 14% ao ano, reflexo do aumento da Selic nos últimos meses. Ainda assim, o governo incluiu benefícios para quem adotar práticas sustentáveis, como desconto de até 0,5 ponto percentual nas taxas de crédito para custeio, voltado a produtores que investirem em reflorestamento, uso de culturas de cobertura ou práticas ambientais certificadas.
O Ministério da Agricultura também ampliou o limite do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), que passa a atender agricultores com renda anual de até R$ 3,5 milhões. O programa terá R$ 69,1 bilhões em recursos com juros controlados de 10% ao ano.
Mais segurança contra o clima e estímulo à armazenagem
Uma das prioridades apontadas pelo setor produtivo é o fortalecimento do seguro rural. Atualmente com orçamento insuficiente, o governo enfrenta pressão para elevar os recursos destinados ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). Apesar da demanda de R$ 4 bilhões, o orçamento disponível está próximo de R$ 1 bilhão.
O Plano Safra também amplia o Programa de Construção de Armazéns (PCA), dobrando o limite de capacidade de 6 mil para 12 mil toneladas por projeto, medida que visa reduzir perdas pós-colheita e melhorar o escoamento da produção.
Linha de crédito em dólar: alternativa em análise
Para enfrentar a alta dos juros, o governo estuda a criação de uma linha de financiamento em dólar. A proposta, defendida por entidades como a CNA, pode beneficiar produtores com receitas atreladas à moeda estrangeira, como exportadores de soja, milho e café. A ideia é oferecer crédito com menor custo, atrelado a contratos de hedge cambial.
Plano Safra Familiar é lançado com R$ 89,2 bilhões
Na véspera, o governo lançou o Plano Safra da Agricultura Familiar 2025/2026, voltado aos pequenos produtores, com R$ 89,2 bilhões. O valor é menor que o destinado à agricultura empresarial, e os juros também subiram em relação ao ciclo anterior.
Ainda assim, o programa para a agricultura familiar manteve políticas de incentivo à produção orgânica, agroecológica e de alimentos voltados ao abastecimento interno, além de linhas específicas para mulheres e jovens rurais.
Crédito mais criterioso e simplificação de programas
A nova edição do Plano Safra passa a exigir, de forma mais ampla, o cumprimento das recomendações do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para liberação de crédito. A medida, antes restrita a pequenos produtores, agora se estende a toda a agricultura empresarial como forma de reduzir perdas por eventos climáticos.
Além disso, programas como o Moderagro e o Inovagro foram unificados, simplificando o acesso ao crédito para modernização de granjas e adoção de tecnologias.