O impasse político em Washington prolonga o shutdown dos EUA, que entrou nesta quarta-feira (8) em seu oitavo dia e entra na segunda semana, após o Senado rejeitar novamente as propostas de financiamento apresentadas por republicanos e democratas. As duas medidas conflitantes buscavam encerrar a paralisação do governo, mas foram derrotadas em votações consecutivas, sem sinais de avanço nas negociações.
Em uma votação de 54 a 45, o Senado rejeitou o projeto republicano que previa estender o financiamento federal até o fim de novembro. Logo em seguida, o projeto alternativo dos democratas foi derrotado por 52 a 47. Três senadores democratas — John Fetterman (Pensilvânia), Catherine Cortez Masto (Nevada) e Angus King (Maine) — votaram novamente com os republicanos, mantendo o impasse.
O senador Rand Paul (Kentucky), republicano, uniu-se aos democratas para se opor à proposta de seu próprio partido, enquanto Ted Cruz (Texas) se ausentou da votação. Ambas as medidas já haviam falhado em cinco tentativas anteriores.
Shutdown dos EUA: disputa política e entraves nas negociações
Os republicanos, que controlam por margem estreita as duas casas do Congresso, defendem uma medida temporária que mantenha o financiamento nos níveis atuais até 21 de novembro. Já os democratas insistem em incluir no texto proteções ligadas à assistência médica, principalmente a prorrogação dos subsídios aprimorados do Obamacare, que expiram no fim do ano.
“O Partido Republicano está paralisando o governo porque se recusa a lidar com a crise da assistência médica americana”, afirmou o líder da minoria no Senado, Chuck Schumer (Nova York).
Alguns parlamentares tentam construir pontes. A senadora Susan Collins (Maine) sugeriu um acordo que combine a reabertura do governo com uma futura discussão sobre créditos fiscais relacionados ao Obamacare, mas sua proposta não conquistou apoio entre os democratas.
Incertezas à frente
Com o shutdown dos EUA em vigor desde 1º de outubro, milhares de servidores públicos permanecem em casa sem remuneração. A Casa Branca alertou que a paralisação prolongada pode atrasar pagamentos, reduzir serviços essenciais e gerar perdas significativas para a economia.
Apesar das advertências, o presidente da Câmara, Mike Johnson (Louisiana), afirmou que os trabalhadores afastados deverão receber os salários retroativos após o fim da paralisação, conforme previsto em lei.
Sem consenso entre os partidos e com negociações travadas, o governo americano continua paralisado, sem perspectiva clara de resolução no curto prazo.
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