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Fomc mantém taxa de juros dos EUA pela terceira vez e sinaliza 75 pontos de corte em 2024

Fomc mantém taxa de juros dos EUA pela terceira vez e sinaliza 75 pontos de corte em 2024

O Fomc, que é o comitê de política monetária dos Estados Unidos, decidiu manter a taxa de juros dos EUA na última reunião do ano, encerrada nesta quarta-feira (13), de acordo com a projeção de mercado. Com isso, os juros ficam na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano.

A decisão reafirma o fim do ciclo de alta e é a terceira manutenção consecutiva nos juros norte-americanos. Segundo a decisão, o comitê continuará a avaliar informações adicionais e as suas implicações para a política monetária.

A novidade ficou por conta da mudança no comunicado quanto aos cortes de juros que devem ocorrer em 2024. Antes, o Fed falava em 2 cortes de 25 pontos-base, agora, fala em 3 cortes. Ou seja, em 2024, os juros devem chegar a 4,75%.

“Ao determinar a extensão de qualquer reforço adicional da política que possa ser apropriado para fazer regressar a inflação a 2%, o Comitê terá em conta o aperto da política monetária, os dados com que a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação”, diz trecho do comunicado.

Além disso, o colegiado informou que continuará a reduzir as suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos garantidos por hipotecas, conforme descrito nos seus planos anunciados anteriormente. “O comitê está fortemente empenhado em fazer com que a inflação regresse ao seu objetivo de 2%”, diz o Fed.

Fomc: indicadores sugerem atividade econômica mais branda

O comunicado traz ainda que indicadores recentes sugerem que o crescimento da atividade econômica ficou mais brando diante do ritmo forte registado no terceiro trimestre. Os ganhos de emprego moderaram-se desde o início do ano, mas permanecem fortes. Além disso, a taxa de desemprego permaneceu baixa. Por sua vez, a inflação recuou ao longo do ano, mas ainda permanece elevada.

Enquanto isso, o comitê enfatizou que o sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente e condições financeiras e de crédito mais restritivas para famílias e empresas deverão pesar sobre a atividade econômica, as contratações e a inflação, embora as extensões desses efeitos permaneçam incertas.

Powell: ainda é prematuro falar em corte de juros

Em pronunciamento logo após a decisão do Fomc, o presidente do Fed, Jerome Powell, adotou um tom cauteloso e admitiu que o corte nas taxas de juros é considerado um tópico para ser discutido mais à frente, porém ressaltou que ainda é prematuro considerar uma redução no momento atual, quando ainda existem dúvidas sobre se a inflação norte-americana está de fato cedendo. No entanto, mais elevações da taxa não é mais o cenário base com o qual o Fed trabalha.

Ele também reconheceu que a taxa de juros estariam próximas ao pico. Porém, enfatizou a necessidade da autoridade monetária ter mais evidências concretas de que a inflação está, de fato, em uma trajetória descendente rumo ao objetivo de 2%.

Powell disse ainda que não há certezas do que vem pela frente e que a política monetária encontra-se em um território ainda restritivo e o efeito desse aperto ainda será sentido pela economia como um todo mais à frente.

Quanto à inflação, Powell disse que segue acima do histórico de longo prazo no país e reforçou o compromisso do Fed em perseguir a meta de 2% e acrescentou que podem ocorrer mais apertos nos juros, se houver necessidade.

Projeções

Além disso, o Fomc divulgou ainda as projeções para a taxa de juros nos próximos anos. De acordo com as previsões, 12 dirigentes calculam que a taxa ficará abaixo de 3% até o fim de 2026; enquanto isso, a maioria dos membros do Fomc projetam os juros entre 2,25% e 3% no horizonte de mais longo prazo.

Por sua vez, 15 dirigentes esperam que, no ano que vem, os juros dos EUA, devem ficar em torno de 4,25% e 5% ao ano.

Com relação às demais projeções, a autoridade monetária revelou que a mediana para o núcleo do PCE ao fim deste ano passou de 3,7% em setembro para 3,2%. Enquanto isso, a média para o núcleo do PCE no ano que vem foi revisada de 2,6% para 2,4%.

A mediana para o núcleo do mesmo indicador em 2025, passou de 2,3% para 2,2%. Já para 2026, se manteve em 2%, conforme o comunicado da autoridade monetária norte-americana.

Na terça-feira (12), o Departamento do Trabalho norte-americano divulgou que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos teve alta de 0,1% em novembro na comparação mensal, após estabilidade (0%) em outubro. O núcleo do CPI, que fica no foco do Fed por desconsiderar preços mais voláteis, teve avanço de 4% na base anual.

Por outro lado, o payroll, dado oficial do mercado de trabalho do país, veio acima das projeções de 180 mil novas vagas, em 199 mil. O resultado representou uma aceleração em relação ao mês anterior, quando o país divulgou 150 mil novas posições.

Tá, e aí?Stephan Kautz, economista chefe da EQI Asset

Stephan Kautz, economista chefe da EQI Asset, disse que a manutenção era esperada e o comunicado do Fed não trouxe muitas novidades, relatando uma desaceleração da inflação e dos dados de atividade econômica.

“Porém, tivemos alguns sintomas mais importantes que fizeram o mercado reagir bastante. Primeiro, eles haviam projetado que em setembro só ocorreria dois cortes de 25 bps no ano que vem, e agora aumentaram para três cortes, sendo de 75 bps no ano que vem”, disse.

Segundo Kautz, essa mudança na projeção sugere que os cortes podem começar a partir de junho e cenário base da EQI Asset é exatamente esse: de três cortes de juros a partir do meio do ano.

“Então, fizeram um movimento de antecipação dos cortes de juros. Além disso, do lado da inflação, eles farão uma revisão forte para baixo nesse ano. Eles foram surpreendidos bastante pelos últimos números”, avaliou.

De acordo com ele, o núcleo da inflação deverá ser de 2,4% para o próximo ano contra projeção anterior de 2,6%.

BTG (BPAC11) prevê início da redução no segundo trimestre

O BTG Pactual ($BPAC11) avaliou, antes da reunião, que a autoridade monetária dos EUA deverá manter esse cenário base de estabilização da taxa neste patamar até o final do segundo trimestre do ano que vem, quando o Fed iniciaria um ciclo de afrouxamento monetário.

Segundo o BTG, desde a última reunião em novembro, quando o Fed optou pelo segundo encontro seguido em não elevar os juros, a economia americana mostrou progresso na direção dos mandatos do comitê, com nova desaceleração da inflação, redução do desequilíbrio no mercado de trabalho, mas sem sacrificar o crescimento.

O que é o Fed?

O Federal Reserve, também conhecido como Fed, é o sistema bancário central dos Estados Unidos.

O órgão é responsável por várias funções importantes, como a formulação da política monetária, a supervisão e regulamentação de bancos e outras instituições financeiras, a manutenção da estabilidade financeira e a promoção da estabilidade econômica, em geral.

O Fed foi criado em 1913, como resposta a uma série de crises financeiras que atingiram os Estados Unidos no final do século XIX e início do século XX. A ideia era criar um sistema bancário centralizado e coordenado, que pudesse agir como um “emprestador de última instância” para as instituições financeiras em tempos de crise.

O sistema do Fed é composto por 12 bancos regionais, cada um servindo a uma área geográfica específica do país.

Cada um desses bancos, por sua vez, é supervisionado por um conselho de diretores composto por membros eleitos pelos bancos membros daquela região, assim como por diretores nomeados pelo conselho de governadores.

Por sua vez, o Fomc, sigla em inglês para Comitê Federal de Mercado Aberto, é o órgão ligado ao Fed que decide os rumos das taxas de juros dos EUA. É responsável por implementar a política monetária do Fed, sendo composto pelos sete membros da Junta de Governadores e cinco dos 12 presidentes dos bancos regionais. O Fomc se reúne regularmente para discutir as condições econômicas e definir a política monetária do país.