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Em algum momento de 2025, voltaremos a falar de cortes na Selic

Em algum momento de 2025, voltaremos a falar de cortes na Selic

Olá, Investidor Inteligente! É incrível como as coisas mudam rapidamente no Brasil, principalmente às ligadas às conjunturas econômica e política.

Na coluna “Compre aos sons dos canhões e venda aos sons dos violinos“, eu trouxe alguns motivos para nos posicionarmos nas classes de ativos mais descontadas, tanto em renda fixa, quanto em renda variável. Na ocasião, o Ibovespa estava em 119 mil pontos; hoje, 42 dias depois, o índice encontra-se em 126 mil pontos – valorização de aprox. 6% de lá para cá.

Não, não quero me “gabar” por ter acertado uma. Aliás, a vida de investidor é assim: algumas vezes acertamos “em cheio”; outras, erramos por muito. O importante é a resiliência e o longo prazo.

Naquela ocasião o mercado estava estressado com o nosso problema fiscal e com as falas desastradas do presidente Lula, demonstrando pouca ou nenhuma preocupação com a sua agenda de gastos elevados.

Mas, no meio do caminho, havia “um dólar”, que não se cansa de educar os mais desbocados.

Preço do dólar em reais

Fonte: Google Finance

Em pouco mais de 6 meses, a moeda norte americana se valorizou cerca de 17%, refletindo: (1) juros altos nos EUA, que estão custando a cair; (2) as fragilidades das contas públicas no Brasil. E, você já deve saber: dólar mais alto significa expectativas de inflação mais altas e expectativas de juros mais elevados, impactando negativamente literalmente milhões de brasileiros.

Lula foi colocado “contra a parede” pelo mercado! Mas, ao contrário do que ele diz, o mercado não é representado por especuladores malvados. O mercado é formado por toda pessoa que trabalha, poupa, consome ou produz. Em outras palavras, o mercado é todos nós!

O dólar elevado, a disparada dos juros futuros e a posição de um Banco Central austero fizeram com que Lula se calasse. E, felizmente, a equipe econômica agiu rapidamente, e já colocou em pauta uma (modesta) agenda de corte de gastos. Hoje, o mercado estima um contingenciamento de 15bi nas despesas desse ano; algo inimaginável meses atrás (aqui, neste momento, o ato foi mais importante que o valor).

A temperatura baixou nos últimos dias. Em parte, talvez, por causa do recesso parlamentar; e, em parte, pela atuação mais alinhada entre Lula, o Ministério da Fazenda, e os reais interesses do mercado (lembre-se, que representa todos nós). A (quase) ninguém interessa contas públicas em desajuste, juros altos, dólar em franca valorização, fuga de capitais, desinvestimento, entre outras consequências.

E, mais boas notícias estão surgindo… o IPCA de junho foi de 0,21%, abaixo do esperado (0,30%).

Além disso, é quase certo que o FED inicie o corte de juros em setembro nos EUA. Veja as probabilidades:

FED Watch Tool


Fonte: CME Group

A taxa de juros americana está em 5,25-5,50. Hoje, o mercado estima 89,6% de chance que ela esteja entre 5,00-5,25 na reunião de 18/set; e há 10,2% de chance de a taxa estar em 4,75-5,00. “Sumiram” as apostas de manutenção! E isso é bom sinal!

Portanto, caro Investidor Inteligente, as coisas parecem melhores nesse segundo semestre. Não há dúvida que o grande gatilho para a queda dos juros no Brasil, e a valorização dos ativos de risco é a queda dos juros nos EUA. Aliás, veja como a correlação entre os juros no Brasil é altíssima com os juros americanos – com exceção dos últimos meses, em que o nosso presidente abusou das falas polêmicas.

Juros (10 anos): EUA x Brasil


Fonte: Trading Views

Não é o rabo que abana o cachorro…

Sim, dependemos enormemente da política monetária do FED. E, felizmente, estamos chegando perto de um alívio.

O relatório Focus aponta uma Selic terminal em 2024 de 10,5% a.a. (sem novos cortes neste ano) e em 9,5% a.a. no final de 2025. Portanto, em algum momento, voltaremos a comentar sobre um cenário conjuntural mais construtivo, de queda da Selic. A (quase certa) indicação de Gabriel Galípolo ao BC deverá ajudar este cenário, pois trata-se de um economista alinhado ao presidente e de ideologia mais dove (menos austera em relação à inflação).

Um alívio neste segundo semestre seria muito desejável para nós, investidores.

Poderia representar mais altas do Ibovespa e do Ifix; além da valorização dos ativos IPCA+ e prefixados (marcados à mercado).

Mais dinheiro no bolso de todos nós!

(tempo para refletir)

Porém, nunca percamos a real dimensão dos nossos problemas estruturais. Mesmo diante de melhoras de curto ou de médio prazo, não nos esqueçamos que o Brasil continua preso na “armadilha da renda média”, por não criamos condições (já debatidas na News da semana passada) para investimentos na economia real.

Taxa de investimento


O Brasil investirá menos de 16% do PIB em 2024, e está entre as 20 piores nações do mundo, no ranking do FMI com 170 países.

Concluindo, a News dessa semana, conjunturalmente (cenário de médio prazo) deveremos ter um semestre melhor; e estruturalmente (cenário de longo prazo) continuamos no mesmo patamar (medíocre), desde muito tempo.

Por Denys Wiese – Estrategista EQI