Olá, Investidor Inteligente! Como palestrante, utilizei a frase do título repetidas vezes. Gosto dela. Cunhada em 1810 e atribuída ao financista londrino Nathan Rothschild, a frase “compre ao som de canhões, venda ao som dos violinos” sugere que o início de uma guerra é um bom momento para investir no mercado de ações. Quanto pior o mercado, melhores são as oportunidades de lucro. Chamamos isso no mercado de “contrarian investment”.
Barão Rothschild, um nobre britânico do século 18 e membro da família bancária Rothschild, é creditado por dizer que “a hora de comprar é quando há sangue nas ruas”. Rothschild fez uma fortuna comprando no pânico que se seguiu à Batalha de Waterloo contra Napoleão. Mas essa não é a história toda. Acredita-se que a citação original seja “compre quando houver sangue nas ruas, mesmo que o sangue seja seu”.
Outra frase de efeito que costumo repetir em minhas palestras é atribuída ao maior investidor de todos os tempos, Warren Buffett: “Seja medroso enquanto os outros estão gananciosos, e gananciosos quando os outros estão medrosos”.
A ideia a ser transmitida é simples na teoria: deveríamos comprar investimentos quando ninguém mais os querem e, assim, vamos pagar um preço baixo por eles. O contrário é verdadeiro: quando todo mundo está querendo determinado ativo, o seu preço estará nas alturas, e esse seria um bom momento para vendê-lo.
Compre aos sons dos canhões e venda aos som dos violinos: atenção ao psicológico
Ao executar a teoria acima o investidor se depara com outro problema: o fator psicológico. Os seres humanos possuem a “falha cognitiva” da necessidade de aprovação pelos outros (o chamado “social proof”), e acabam agindo pelo efeito manada, onde são levados a comprar quando todos estão comprando, e a vender quando todos estão vendendo.
Esse viés comportamental influencia a maioria dos investidores, que acaba comprando (e vendendo) nos momentos opostos ao ideal.
O bom investidor caminha na solidão. Ele executa com maestria as ideias de Nathan Rothschild e de Warren Buffett: compra nos momentos de maior medo e vende nos momentos de euforia.
Por que estou trazendo esse assunto hoje?
Porque o mercado brasileiro vem há alguns meses maltratando os preços dos ativos e o medo e a incerteza dos outros podem, justamente, criar boas oportunidades para a gente.
Observe o gráfico abaixo:

No ano, a nossa bolsa de valores já caiu mais de 10%…

E o nosso real já se desvalorizou mais de 10%, saindo de 4,85 para 5,37!
Os preços dos ativos estão cada vez mais baratos. Observe os juros futuros de médio prazo:

Enquanto o mercado de ações norte americano está no ATH (all time high), o nosso nos decepciona dia após dia. O motivo? Você já sabe: as contas públicas e a (i)responsabilidade fiscal do governo voltou ao radar dos investidores.
As incertezas de agora não são novas; o Brasil há muito tempo convive com o problema fiscal. Observe o gráfico abaixo, que mostra a necessidade de financiamento do setor público:
Necessidade de financiamento (NFSP)

Quando o gráfico acima encontra-se abaixo de zero, significa que o governo está poupando recursos; quando está acima, significa que ele está gastando mais do que arrecadando. O governo Lula 3 está criando um déficit (em termos nominais) maior do que os tempos da Dilma e, por enquanto, não há no radar do mercado algo que mude essa trajetória.
Mas, Denys, comprar ativos agora, não seria arriscado? E, se o Brasil não der um jeito no problema acima?
Essa é uma pergunta que quase todo o investidor brasileiro faz para si mesmo, diariamente.
A resposta, infelizmente, não temos. O futuro a Deus pertence…
Alguns, como eu, acreditam que o nosso Brasil é um país mediano (de medíocre) e que apostar no retorno à média é sempre um bom negócio por aqui. Outros acreditam que agora será diferente e o Brasil vai “descambar” de vez.
Para você não perder as boas oportunidades e aprender a conviver com a dúvida acima há uma saída!
Diversifique ao ponto que a solução do déficit fiscal seja irrelevante para você! Isso inclui comprar bons pós-fixados, prefixados, IPCA+, multimercados, ações, FIIs e ativos internacionais, sempre respeitando o seu perfil de investidor.
Agora é uma boa hora de nos servirmos, com o que o mercado está nos oferecendo. Compremos aos sons dos canhões, enquanto os outros aguardam a calmaria dos violinos!
Por Denys Wiese, estrategista da EQI Investimentos