O dólar voltou a operar em alta nesta terça-feira (2), mesmo após movimento de queda na abertura. A moeda norte-americana sobe ante o real e encostou nos R$ 5,70 — maior valor desde janeiro de 2022. O movimento é impulsionado por falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que faz críticas sobre o Banco Central do Brasil (BCB) e medidas para o câmbio.
Em entrevista à Rádio Sociedade nesta terça, Lula disse que há um “jogo de interesse especulativo” contra o real; para isso, o governo avaliará medidas. Lula estará em Brasília na quarta-feira (3).
O mercado especula que o governo possa mexer no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações cambiais, a fim de segurar a alta do dólar. Em Brasília, por outro lado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou ainda nesta manhã que não há esta possibilidade.
Para ele, a melhor maneira de conter a desvalorização do real é melhorar a comunicação sobre o arcabouço fiscal e a autonomia do BC.

Lula volta a criticar Banco Central; dólar reage e sobe
Como tem feito nos últimos dias, Lula criticou o trabalho do Banco Central, ao dizer que a autarquia não pode estar a serviço do sistema financeiro e do mercado.
O presidente da República diz que a reação de alta da moeda norte-americana após suas críticas ao Banco Central e ao seu presidente da instituição, Roberto Campos Neto, “não têm explicação“.
Na véspera, Lula disse que o Banco Central autônomo é um desejo do mercado financeiro. Além disso, criticou a taxa Selic, que estaria “exagerada”.
Em entrevista recente, Campos Neto afirmou que as críticas de Lula em relação à condução da política monetária dificultam o trabalho de controle da inflação pela autarquia.
“Quando você tem uma pessoa da importância do presidente questionando aspectos técnicos da decisão do Banco Central, gera um prêmio de risco na frente”, afirmou, em entrevista ao jornal. “Essa incerteza maior acaba fazendo com que o nosso trabalho fique mais difícil.”