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Com taxa de 50%, Brasil tem a maior tarifa entre os países notificados por Trump

Com taxa de 50%, Brasil tem a maior tarifa entre os países notificados por Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (9) a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil. A medida, que entra em vigor em 1º de agosto, representa a maior tarifa entre as novas taxas divulgadas até agora e acirra tensões políticas e comerciais entre os dois países.

Desde o início da semana, Trump tem enviado cartas a governos estrangeiros para informar sobre as novas tarifas de importação. Os países que não firmarem um acordo comercial com os Estados Unidos até o início de agosto serão penalizados.

Brasil tem a maior tarifa entre os países penalizados

Na segunda-feira (7), 14 países receberam os comunicados. Outros oito foram notificados nesta quarta-feira (9), entre eles o Brasil, que recebeu a taxa mais alta: 50%. A menor até agora foi aplicada às Filipinas, com 20%.

Novas notificações ainda são esperadas nos próximos dias, segundo fontes próximas à Casa Branca.

Veja a lista completa:

  • África do Sul: 30%
  • Argélia: 30%
  • Bangladesh: 35%
  • Bósnia e Herzegovina: 30%
  • Brasil: 50%
  • Brunei: 25%
  • Camboja: 36%
  • Cazaquistão: 25%
  • Coreia do Sul: 25%
  • Filipinas: 20%
  • Indonésia: 32%
  • Iraque: 30%
  • Japão: 25%
  • Laos: 40%
  • Líbia: 30%
  • Malásia: 25%
  • Myanmar: 40%
  • Moldávia: 25%
  • Sérvia: 35%
  • Sri Lanka: 30%
  • Tailândia: 36%
  • Tunísia: 25%

Trump mistura comércio e política em carta a Lula

Na carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump justificou a tarifa como resposta a uma “relação comercial muito injusta”. Mas foi além: o republicano também atacou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, classificando o processo como uma “vergonha internacional” e uma “caça às bruxas”.

Trump ainda criticou o Supremo Tribunal Federal (STF), acusando-o de censurar plataformas de mídia social dos EUA. Segundo ele, a nova tarifa poderá ser ampliada caso o Brasil adote medidas retaliatórias.

“Os 50% são muito menos do que seria necessário para termos igualdade de condições em nosso comércio com seu país”, escreveu.

Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, a carta de Donald Trump deixa o governo brasileiro numa situação complicada, porque aborda o ponto do ex-presidente Jair Bolsonaro e do Supremo Tribunal Federal (STF), sendo um tema mais político. Quanto ao tema do déficit comercial com o Brasil, ele diz que não é verdade: o Brasil tem um déficit comercial com os Estados Unidos.

“Abrir negociações com esses dois temas é muito difícil porque, se não tem um superávit com os Estados Unidos, vai piorar ainda mais o déficit; e as questões políticas de Bolsonaro e STF é como aceitar uma intervenção, que o Lula, obviamente, não vai aceitar”, avaliou.

Então, explica Kautz, não há muita opção de negociação no curto prazo. “Agora, a gente sabe também que o Trump joga esses números lá em cima. Cria um caos nas relações, e depois vai reduzindo até aceitar algum tipo de negociação”, completa.

Lula reage: “Brasil é soberano e não será tutelado”

Em nota oficial, o presidente Lula reagiu com firmeza às declarações de Trump. “O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”, afirmou.

Lula também defendeu o processo judicial em curso contra Bolsonaro: “O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de Estado é de competência apenas da Justiça brasileira e não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais.”

Sobre a acusação de censura às redes sociais, Lula afirmou que “no Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas” e reforçou que todas as empresas — nacionais ou estrangeiras — estão submetidas à legislação local.

O presidente concluiu a manifestação com uma defesa da política externa brasileira:
“A soberania, o respeito e a defesa intransigente dos interesses do povo brasileiro são os valores que orientam a nossa relação com o mundo.”

Veja a carta na íntegra

9 de julho de 2025
Sua Excelência
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República Federativa do Brasil
Brasília

Prezado Sr. Presidente:

Conheci e tratei com o ex-Presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei muito, assim como a maioria dos outros líderes de países. A forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!

Em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos (como demonstrado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil, que emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com multas de milhões de dólares e expulsão do mercado de mídia social brasileiro), a partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas para os Estados Unidos, separada de todas as tarifas setoriais existentes. Mercadorias transbordadas para tentar evitar essa tarifa de 50% estarão sujeitas a essa tarifa mais alta.

Além disso, tivemos anos para discutir nosso relacionamento comercial com o Brasil e concluímos que precisamos nos afastar da longa e muito injusta relação comercial gerada pelas tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil. Nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de ser recíproco.

Por favor, entenda que os 50% são muito menos do que seria necessário para termos igualdade de condições em nosso comércio com seu país. E é necessário ter isso para corrigir as graves injustiças do sistema atual. Como o senhor sabe, não haverá tarifa se o Brasil, ou empresas dentro do seu país, decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos e, de fato, faremos tudo o possível para aprovar rapidamente, de forma profissional e rotineira — em outras palavras, em questão de semanas.

Se por qualquer razão o senhor decidir aumentar suas tarifas, qualquer que seja o valor escolhido, ele será adicionado aos 50% que cobraremos. Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil, que causaram esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos. Esse déficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional!

Além disso, devido aos ataques contínuos do Brasil às atividades comerciais digitais de empresas americanas, bem como outras práticas comerciais desleais, estou instruindo o Representante de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, a iniciar imediatamente uma investigação da Seção 301 sobre o Brasil.

Se o senhor desejar abrir seus mercados comerciais, até agora fechados, para os Estados Unidos e eliminar suas tarifas, políticas não tarifárias e barreiras comerciais, nós poderemos, talvez, considerar um ajuste nesta carta. Essas tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo do relacionamento com seu país. O senhor nunca ficará decepcionado com os Estados Unidos da América.

Muito obrigado por sua atenção a este assunto!

Com os melhores votos, sou,
Atenciosamente,
DONALD J. TRUMP
PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução