O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (9) a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as importações provenientes do Brasil. A medida, que entra em vigor em 1º de agosto, representa um aumento significativo em relação à taxa de 10% aplicada em abril e foi justificada por Trump como uma resposta à “relação comercial muito injusta” entre os dois países e, em parte, como retaliação ao processo judicial em andamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump classificou o julgamento de Bolsonaro como uma “vergonha internacional” e uma “caça às bruxas”, criticando duramente o que chamou de violações à liberdade de expressão e censura a plataformas de mídia social dos EUA por parte do Supremo Tribunal Federal brasileiro (STF).
Além das críticas políticas, Trump afirmou que a relação comercial com o Brasil tem sido “longe de ser recíproca”, citando tarifas e barreiras impostas pelo país sul-americano. “Os 50% são muito menos do que seria necessário para termos igualdade de condições em nosso comércio com seu país”, escreveu o presidente americano.
A nova tarifa será aplicada de forma ampla, abrangendo todas as exportações brasileiras, e poderá ser ampliada caso o Brasil decida retaliar com medidas semelhantes. Trump também sugeriu que empresas brasileiras poderiam evitar a tarifa ao transferirem sua produção para os Estados Unidos.
Tarifa de Trump sobre o Brasil começa a valer em agosto
O presidente dos Estados Unidos divulgou uma carta oficial ao governo brasileiro em que critica duramente o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro e anuncia que a imposição da tarifa sobre todos os produtos brasileiros vale a partir de 1º de agosto.
Logo no início do comunicado, Trump menciona diretamente Bolsonaro: “A maneira como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos EUA, é uma vergonha internacional.” O ex-presidente norte-americano, que mantém uma relação próxima com o brasileiro desde seus respectivos governos, classificou o julgamento de Bolsonaro como “uma Caça às Bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE”.
Trump também acusou o Brasil de promover ataques à liberdade de expressão, relacionando o episódio às recentes decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, o STF teria emitido “centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de mídia social dos EUA”, ameaçando-as com multas milionárias e até expulsão do mercado brasileiro.
“Ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos” foram apontados como uma das razões para a retaliação anunciada.
A escalada retórica e a ameaça tarifária ocorrem em meio à intensificação do processo judicial contra Bolsonaro no Brasil e à crescente tensão entre setores conservadores dos EUA e instituições brasileiras. O governo brasileiro ainda não se pronunciou oficialmente sobre a carta de Trump.
Veja abaixo a carta de Trump ao governo brasileiro:


Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, diz que a carta de Donald Trump deixa o governo brasileiro numa situação complicada, porque aborda o ponto do ex-presidente Jair Bolsonaro e do Supremo Tribunal Federal (STF), sendo um tema mais político. Quanto ao tema do déficit comercial com o Brasil, ele diz que não é verdade: o Brasil tem um déficit comercial com os Estados Unidos.
“Abrir negociações com esses dois temas é muito difícil porque, se não tem um superávit com os Estados Unidos, vai piorar ainda mais o déficit; e as questões políticas de Bolsonaro e STF é como aceitar uma intervenção, que o Lula, obviamente, não vai aceitar”, avaliou.
Então, explica Kautz, não há muita opção de negociação no curto prazo. “Agora, a gente sabe também que o Trump joga esses números lá em cima. Cria um caos nas relações, e depois vai reduzindo até aceitar algum tipo de negociação”, completa.
Ouça abaixo, o comentário na íntegra: