O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, classificou como “injustas” as novas tarifas comerciais anunciadas nesta quarta-feira (9) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra produtos brasileiros. Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump confirmou a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras, com vigência a partir de 1º de agosto.
“Temos 200 anos de amizade com os EUA”, afirmou Alckmin, ao garantir que o Brasil manterá uma postura diplomática nas relações com Washington, mesmo diante da medida considerada prejudicial. “O Brasil não é problema para os EUA”, completou.
Durante um evento com líderes africanos na Casa Branca, o republicano já havia declarado que o Brasil “não tem sido bom conosco”. Horas depois, oficializou a tarifa por meio de um comunicado formal, alegando “relações comerciais injustas” e criticando duramente o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).
Trump cita Bolsonaro e acusa o Brasil de atacar eleições e liberdade de expressão
No texto enviado a Lula, Trump disse que o aumento da tarifa foi motivado, “em parte”, por supostos ataques do Brasil contra eleições livres e à liberdade de expressão de empresas norte-americanas. Ele acusou o STF de ter emitido “centenas de ordens de censura secretas e ilegais” contra plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com multas milionárias.
Além disso, o republicano criticou o tratamento dado a Bolsonaro, chamando o julgamento do ex-presidente de “caça às bruxas” e “vergonha internacional”.
Aço, alumínio e demais exportações serão afetadas
A tarifa de 50% incidirá sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, incluindo setores que já enfrentam barreiras, como aço e alumínio. A medida também prevê a aplicação da alíquota sobre mercadorias transbordadas para tentar evitar a cobrança, o que tende a dificultar eventuais estratégias de compensação por parte das empresas exportadoras.
Alckmin defende integração e rebate narrativa de Trump
Alckmin reagiu ao anúncio destacando a integração econômica entre os dois países. Segundo ele, a medida americana afeta negativamente até mesmo a indústria dos EUA.
“Vamos pegar o caso do aço: nós somos o terceiro comprador de carvão siderúrgico americano. Fazemos o produto semi elaborado e vendemos para os EUA, que finalizam. Ao taxar, eles encarecem a própria cadeia”, afirmou.
O vice-presidente ainda lembrou que oito dos dez principais produtos exportados pelos EUA ao Brasil entram com alíquota zero, reforçando que a relação comercial é mais benéfica aos norte-americanos.
Brasil contesta narrativa do déficit comercial
Trump justificou a tarifa alegando um “déficit comercial insustentável” dos EUA em relação ao Brasil. No entanto, dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que, desde 2009, os Estados Unidos acumulam superávit de US$ 88,61 bilhões com o Brasil — o equivalente a cerca de R$ 484 bilhões na cotação atual.
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