Em sua carta mensal de abril, a Verde Asset Management, comandada pelo gestor Luis Stuhlberger, sinaliza uma importante mudança estratégica em seus investimentos, redirecionando recursos para ouro e criptomoedas enquanto alerta para um possível declínio da dominância global do dólar americano.
O documento destaca ganhos do fundo Verde em abril em moedas, ações no mercado brasileiro, criptomoedas e juros reais, com perdas marginais em pré-fixados, petróleo e crédito. Mas o principal destaque da carta é a análise sobre a mudança estrutural no cenário econômico do mundo.
“O ‘Dia da Liberação’ e seu caricato choque de tarifas deve marcar, junto com a fatídica reunião entre Trump e Zelensky na Casa Branca no fim de fevereiro, o início da redução da hegemonia americana (e do Dólar) sobre os mercados globais“, afirma a Verde Asset, fazendo referência à citação de Lenin: “Há décadas onde nada acontece, e há semanas onde décadas acontecem“.
Segundo a análise da gestora de Stuhlberger, os investidores internacionais aumentaram sistematicamente sua exposição a ativos americanos na última década, impulsionados pelo excelente desempenho desses investimentos. No entanto, o cenário atual indica o início de um processo estrutural de realocação de capital.
“Essa tendência de rearranjo de fluxos tende a se refletir de maneira importante sobre moedas e mercados acionários, e em menor medida sobre taxas de juro“, explica a carta. Em resposta a esse novo panorama, o fundo adotou medidas estratégicas, incluindo o aumento de posições em criptomoedas, iniciando posição em ouro e zerando posição no dólar contra o renminbi.
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Perspectivas econômicas e posicionamento da Verde Asset
A Verde tem cautela quanto à recente recuperação dos ativos de risco, classificando-a como “otimismo exagerado”, uma vez que os efeitos micro e macroeconômicos das tensões comerciais ainda estão por impactar empresas e consumidores na economia americana.
A gestora prevê “um aumento importante da inflação americana e uma desaceleração do crescimento”, mantendo como incógnita se essa desaceleração será suficiente para desencadear uma recessão.
Quanto ao cenário doméstico, a carta indica que o mercado brasileiro se mantém como “passageiro em meio às turbulências globais”, com baixo impacto do noticiário local na precificação dos ativos, apesar da “deterioração importante no fiscal, com receitas do governo vindo abaixo do esperado e pouco apetite do governo por qualquer austeridade”.
O fundo mantém alocação zerada em bolsa brasileira e está levemente vendido em bolsa global.
No Brasil, possui posições compradas em juro real, enquanto nos EUA está comprado em inflação implícita.
Em moedas, além de posições vendidas no renminbi chinês contra o euro, a Verde iniciou “pequenas posições compradas no ouro e no real”, aumentou a alocação em criptomoedas e zerou sua posição comprada em petróleo.