O Boletim Focus do Banco Central elevou, mais uma vez, a estimativa da taxa Selic para o final de 2024. A previsão do mercado subiu de 10% ao ano na semana passada para 10,25%. Há quatro semanas, o indicador estava previsto em 9,75%.
Esse aumento nas expectativas da Selic ocorre em meio à deterioração das perspectivas econômicas após a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Na ata da última reunião, houve uma divergência entre os membros que queriam um corte de 25 pontos-base (todos indicados pelo governo anterior) e aqueles que defendiam o corte de 50 pontos-base (indicados pelo governo atual).
O Copom enfatiza que os votos não devem ser interpretados como leniência em relação aos indicadores divulgados no período, especialmente as expectativas de inflação. Isso porque, para o mercado, a divisão soou como um indicativo de que o Copom de 2025, quando começa um novo mandato na presidência do BC, com um indicado do governo Lula, poderia ser mais tolerante com a alta inflação.
Para 2025, o mercado também elevou a expectativa da Selic para 9,18%, embora este número não seja usado de forma habitual para elevação dos juros. Já para 2026, o mercado manteve os juros em 9% ao ano.
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Boletim Focus: mercado também estima uma inflação mais alta no final de 2024
Pela quarta semana consecutiva, o Boletim Focus elevou a projeção do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Desta vez, ele subiu de 3,86% para 3,88%. Há um mês, o número era 3,72%.
Esse número ainda está acima da meta de inflação de 3% ao ano, embora ainda esteja dentro da faixa de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
No entanto, vale destacar que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou insatisfação em algumas ocasiões sobre o número proposto pelo BC. Em entrevista ao Valor Econômico, Haddad comentou que não exigiu mudanças na meta, mas afirmou que a meta de inflação atual é extremamente exigente para o contexto histórico brasileiro, que raramente atingiu esse patamar.
“Apesar disso, estamos convergindo para a meta. (…) Defendo que a meta seja contínua, como é na maioria dos países, exceto dois, porque é mais inteligente do que a meta anual”, disse o ministro ao jornal.
A expectativa de inflação também aumentou para os anos de 2025 e 2026, subindo para 3,77% e 3,60%, respectivamente.
PIB e câmbio estáveis
Em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o Boletim Focus manteve a projeção de 2,05% observada na semana passada e há quatro semanas. Movimento semelhante foi observado para os anos de 2025 e 2026, que continuaram em 2%.
A estabilidade nas projeções também foi observada no câmbio. O mercado avalia que o dólar encerrará 2024 cotado a R$ 5,05, mesmo valor da semana passada, mas R$ 0,05 a mais do que o estimado há quatro semanas, que era um câmbio de R$ 5.
Para 2025, o mercado espera um dólar em R$ 5,05 e para 2026, o valor será atualizado para R$ 5,10.
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