Diante das últimas falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a EQI Asset mudou sua projeção para a reunião de política monetária que ocorre nesta quarta-feira (8) e define o novo corte da Selic.
Anteriormente, a asset via como provável um corte de 50 pontos-base da Selic, taxa básica de juros da economia, como o Banco Central sinalizou na última ata divulgada.
Vale dizer, na última publicação, o Banco Central optou por modificar o trecho em que apontava os próximos passos do comitê, substituindo o plural de “cortes de mesma magnitude nas próximas reuniões” para “corte de mesma magnitude”, com a frase no singular.
O mercado entendeu que o corte de 50 pontos-base estava garantido em maio, mas que os próximos passos ficariam em aberto, com a retirada do guidance, deixando os membros do Copom mais livres para tomar suas decisões.
No entanto, com piora do cenário externo e as falas recentes de Campos Neto, agora a gestora crê em corte de 25 pontos-base nos juros já nesta quarta-feira.
“Nós continuamos vendo espaço para cortes. Mas a mudança na nossa projeção se dá pelas comunicações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que se mostrou mais preocupado com o cenário internacional, com o aumento da incerteza, com cenário de queda de inflação mais lenta e com política monetária mais apertada nos Estados Unidos por mais tempo”, explica Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset.
“Ele não fez a comunicação ao acaso. O que ele disse tinha um objetivo e falou que não dava mais para manter o guidance. Tudo isso para abandonar a comunicação para a reunião desta semana”, avalia.
E complementa: “A gente espera um corte de 25 pontos-base, porém com espaço para cortes adicionais. Nossa expectativa é que a Selic vá para 9,75% até o final do ano. Ou seja, além deste, temos mais 3 cortes de 25 pontos-base daqui para a frente”, diz.
Ele não descarta a possibilidade de haver dissenso entre os membros do Copom nesta decisão, já que aqueles mais alinhados ao governo podem optar pelo corte de 50 pontos. No entanto, ele acredita que a ata talvez traga o ponto de vista dissonante, mas não a votação em si que, para ele, será novamente unânime.
Cenário continua favorável para corte da Selic
Em uma avaliação do cenário interno, diz Kautz, o governo promoveu mudanças nas metas fiscais e dados de inflação vieram um pouco melhores na margem, mas com o setor de serviço ainda fora da convergência para a meta.
Já sobre os EUA, Kautz acredita que há espaço para dois cortes de juros a partir de setembro.
Os mercados estavam temerosos de que o banco central americano, Fed, em sua última decisão do dia 1, colocasse na equação a possibilidade de uma nova subida de juros.
No fim, a mensagem foi bem recebida: é improvável que os juros subam. Eles vão cair, esta é a direção dada. Mas quando, ninguém sabe ao certo.
Na última sexta (3), o payroll trouxe mais alívio, vindo bem abaixo do esperado: foram criados 175 mil postos de trabalho (entre os setores público e privado) em março nos EUA, ante expectativa de 243 mil. O salário médio subiu (0,2%) menos do que o esperado (0,3%) e a taxa de desemprego foi a 3,9% (de projeção de 3,8%).
Ouça o áudio na íntegra:
- Saiba mais: Com alta descartada, EUA têm juros parados por tempo prolongado como pior cenário, diz Kautz
Corte da Selic: Focus elevou mais uma vez projeção para juros
Nesta segunda-feira (6), o Boletim Focus, que traz a média das estimativas do mercado para os principais indicadores econômicos do país, apontou nova revisão na projeção para a Selic deste ano.
Há um mês, a expectativa era por 9% ao ano. Depois, ela subiu para 9,5%. Hoje, foi a 9,63%.
Para 2025, a projeção segue em 9%. Mas, para 2026, também houve revisão para cima: de 8,63% para 8,75%.
