O Federal Reserve (Fed) divulgou nesta quarta-feira (20) a ata de sua última reunião de política monetária, realizada em 29 e 30 de julho, classificando a decisão de manter a taxa básica de juros nos Estados Unidos entre 4,25% e 4,50% como uma ‘quase unanimidade’, com duas dissidências.
Segundo o documento do Federal Open Market Committee (FOMC), a maioria dos participantes entendeu que ainda há incerteza considerável sobre o momento, a magnitude e a persistência dos efeitos do aumento das tarifas aplicadas neste ano sobre a inflação.
“Quase todos os participantes consideraram apropriado manter a faixa-alvo para a taxa dos fundos federais nesta reunião”, afirmou o documento.
Os diretores Michelle Bowman e Christopher Waller votaram contra a decisão, defendendo uma redução de 0,25 ponto percentual. Bowman destacou que, excluindo efeitos temporários das tarifas, a inflação se aproximava do objetivo do Comitê, mas o mercado de trabalho mostrava sinais de menor dinamismo e a economia desacelerava. Para ela, uma redução gradual da taxa de juros teria protegido proativamente contra um enfraquecimento adicional do mercado de trabalho.
Foi a primeira vez desde 1993 que mais de um diretor discordou de uma decisão de política monetária do Fed. Além de Bowman e Waller, votaram a favor da manutenção dos juros: Jerome Powell, John C. Williams, Michael Barr, Susan Collins, Lisa Cook, Austan Goolsbee, Philip Jefferson, Alberto Musalem e Jeffrey Schmid. A ex-diretora Adriana Kugler, que renunciou logo após o encontro, estava ausente e não votou.
A ata também destacou que as decisões sobre juros dependerão da distância de cada variável às metas do Comitê, assim como dos diferentes horizontes temporais em que essas lacunas podem ser fechadas. Os participantes ressaltaram que o Comitê poderá enfrentar escolhas difíceis se a inflação elevada se mostrar persistente, especialmente diante de perspectivas mais fracas para o mercado de trabalho.
Ata do Fomc: Risco ascendente para a inflação
Entre os riscos apontados, a maioria considerou o risco ascendente para a inflação como o principal, especialmente devido aos efeitos incertos das tarifas e à possibilidade de que as expectativas de inflação se desancorem. Dois membros, entretanto, destacaram que o risco descendente para o emprego é mais relevante, reforçando a preocupação com o enfraquecimento do mercado de trabalho.
A ata reflete o equilíbrio delicado que o Fed precisa manter entre controlar a inflação e preservar o dinamismo do emprego, com decisões futuras que dependerão do comportamento das variáveis econômicas e de como os efeitos das tarifas impactarão a economia nos próximos meses.
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