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Ata do Copom: sem indicar passos futuros, comitê volta a falar do fiscal

Ata do Copom: sem indicar passos futuros, comitê volta a falar do fiscal

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou na manhã desta terça-feira (12) a ata de sua 266ª reunião, realizada em 5 e 6 de novembro, quando ficou decidida a subida da Selic, taxa básica de juros da economia em 50 pontos-base, de 10,75% para 11,25%.

O comitê enfatizou que o aumento foi apropriado para convergir a inflação para a meta de 3%, sem sinalizar, no entanto, quais serão os próximos passos.

“Em virtude das incertezas envolvidas, o comite preferiu uma comunicação que reforça a importância do acompanhamento dos cenários ao longo do tempo, sem conferir indicação futura de seus próximos passos, insistindo, entretanto, no seu firme compromisso de convergência da inflação à meta”, afirmou na ata.

gráfico Selic

Ata do Copom: dúvidas quanto ao Fed

Segundo o Copom o ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica incerta nos Estados Unidos. Há dúvidas sobre os ritmos da desaceleração da economia e da desinflação e sobre a postura futura do Federal Reserve (Fed), banco central americano.

“Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, avaliou o Copom.

Cenário doméstico e expectativas para inflação

O Copom enfatizou na ata que tem-se observado uma interrupção no processo desinflacionário, refletindo a redução de força dos diversos fatores que vinham contribuindo para a desinflação.

As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,6% e 4%, respectivamente, acima da meta. Isso se deve ao conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho, que segue apresentando dinamismo.

A projeção para a inflação acumulada em quatro trimestres para o segundo trimestre de 2026 é 3,6%. As projeções de inflação para os anos-calendário situam-se em 4,6% para 2024 e 3,9% para 2025.

tabela expectativas para inflação ata do Copom
Fonte: Banco Central

“O Comitê avalia que o cenário de curto prazo para a inflação se mostra mais desafiador. Houve uma reavaliação dos preços de alimentos por diversos fatores, dentre eles a estiagem observada ao longo do ano. Com relação aos bens industrializados, o movimento recente do câmbio pressiona preços e margens, sugerindo maior aumento em tais componentes nos próximos meses. Por fim, a inflação de serviços, que tem maior inércia, segue acima do nível compatível com o cumprimento da meta em contexto de atividade dinâmica”.

Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado; e uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.

Entre os riscos de baixa, ressaltam-se uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.

Fiscal pesou na decisão

O Comitê também voltou a falar sobre os gastos públicos, como havia feito no comunicado divulgado no dia da decisão de juros, pedindo reformas estruturais e disciplina fiscal.

“A percepção mais recente dos agentes de mercado sobre o crescimento dos gastos públicos e a sustentabilidade do arcabouço fiscal vigente vem tendo impactos relevantes sobre os preços de ativos e as expectativas. Uma política fiscal crível, embasada em regras previsíveis e transparência em seus resultados, em conjunto com a persecução de estratégias fiscais que sinalizem e reforcem o compromisso com o arcabouço fiscal nos próximos anos são importantes elementos para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de riscos dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, afirmou o comitê.

Tá, e aí?Stephan Kautz

Após a divulgação da ata do Copom, a EQI Asset anunciou uma revisão em suas projeções para a taxa Selic em 2025.

A gestora, que anteriormente previa a Selic em 12,5% ao ano, agora projeta uma taxa de 13% em 2025. Segundo Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, a revisão reflete a expectativa de uma política monetária mais rígida do que o inicialmente esperado.

“Mudamos nosso call de Selic para 13% ao ano em 2025. Antes, a expectativa era taxa de 12,5%. Estamos colocando mais uma alta de 50 pontos-base no ano que vem. Tínhamos projeção de uma alta de 50 pontos e uma de 25 em 2025, agora temos duas altas de 50 e uma de 25 com Selic mais alta do que se imaginava inicialmente”, explica Kautz.

Na reunião do Copom de dezembro, a gestora enxerga mais um aumento de 50 pontos-base, com Selic fechando o ano a 11,75%. Em janeiro de 2025, a Selic deve ter novo aumento de 50 pontos, chegando a 12,25%. Em março, mais 50 pontos, com taxa alcançando 12,75%. Por fim, deve haver mais uma alta de 25 pontos em maio, com Selic a 13%, onde deve permanecer até meados do ano que vem.

“A ata trouxe um cenário internacional ainda preocupante sob perspectivas de inflação e movimento de juros ao redor do mundo. Em termos de atividade no Brasil, trouxe uma desaceleração do comércio e uma moderação do crescimento da renda, mas muito pouco para mudar o cenário-base do Banco Central, que é de economia que cresce de maneira robusta”, explica Kautz.

Ele observa que o Copom cita a inflação de alimentos, que deve subir nos próximos meses, como a gestora vinha projetando, e uma preocupação de que a depreciação cambial possa aparecer nos produtos industriais nos próximos meses. A inflação de serviços parou de cair e se estabilizou em 4,5% ao ano. O IPCA está próximo de 4%.

“No comunicado, mencionam que uma deterioração das expectativas poderia fazer com que se prolongasse o cenário de alta de juros. De lá para cá, o Focus piorou, inclusive para 2026. Não nos parece que seja o caso de acelerar o ritmo de altas de juros para 75 pontos-base, mas sim de um prolongamento do ciclo de alta”, explica.

Ouça o áudio na íntegra:

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