A decisão do Partido dos Trabalhadores (PT) – legenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – de apoiar um manifesto elaborado por movimentos sociais contra o corte de gastos avaliado pelo governo federal gerou um novo foco de tensão dentro da sigla e com o próprio governo. A adesão da cúpula petista ao documento incomodou a ala do partido que defende a linha econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e que espera compromisso com as pautas do governo.
O manifesto, assinado também por partidos aliados como PDT, PSOL e PCdoB, faz uma crítica contundente ao mercado financeiro e à imprensa, acusando-os de pressionar o governo a promover cortes que afetariam o setor social. A pressão exercida, de acordo com o texto, estaria voltada para áreas que impactam diretamente a base de apoio histórica de Lula e do PT, composta por movimentos populares e sindicatos, de acordo com a CNN.
O apoio do PT ao manifesto é visto como um desafio à ala pragmática do partido, que busca alinhar-se às propostas de Haddad e sustentar a imagem de responsabilidade fiscal junto ao mercado. Essa divisão interna indica o embate crescente entre as correntes que priorizam compromissos com os movimentos sociais e aqueles que defendem uma política econômica mais cautelosa, em sintonia com os interesses do mercado e do próprio governo.
A assinatura do manifesto pelo PT também sinaliza uma tentativa de manter sua base de apoio mobilizada, em um momento em que parte do eleitorado questiona as escolhas econômicas do governo. Para os defensores de Haddad, no entanto, esse gesto pode prejudicar a agenda fiscal planejada e reduzir o espaço para diálogo com setores que têm criticado as medidas de controle de gastos do governo.
Corte de gastos ainda sem definição
Enquanto isso, os debates em torno do corte de gastos do governo seguem sem definição. O ministro da Fazenda afirmou na semana que passada que aguarda aval do presidente Lula para definir os últimos detalhes de uma possível proposta.
O próprio presidente tem mostrado irritação quanto ao tema, como na entrevista dada à Rede TV! na semana passada, na qual ele criticou a “impaciência do mercado quanto ao anúncio”.
“Eu não posso adiantar nada porque o pacote ainda não foi concluído. Estou em um processo de discussões muito sérias dentro do governo. Conheço bem o discurso do mercado e sua gana especulativa, e, às vezes, percebo que o mercado age com certa hipocrisia, apoiado por parte da imprensa brasileira, o que acaba criando confusão na cabeça da população”, afirmou Lula, na entrevista.
Por outro lado, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, tem se mostrado favorável à um eventual corte de custos. No fim do mês passado, ela destacou a urgência de cortar gastos considerados ineficazes para redirecionar recursos a investimentos prioritários no país.
“Nós, dos países considerados emergentes, estamos bem abaixo da média de investimento. Só conseguiremos alavancar isso fazendo o dever de casa, como estamos fazendo, garantindo a segurança jurídica e a estabilidade”, disse ela, naquela ocasião.
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