Durante sua campanha eleitoral, o futuro presidente da Argentina, Javier Milei, afirmou que, se eleito, pretendia retirar o país do Mercosul.
Segundo Milei, o Mercosul é uma união aduaneira que favorece empresários que não desejam competir. Além disso, o ultraliberal criticou a negociação em andamento para o tratado de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.
Após as eleições argentinas, o jornalista Jamil Chade, colunista do UOL especializado em Política Internacional, informou que a União Europeia desejava finalizar o acordo entre os blocos sul-americano e europeu antes da posse presidencial de Milei.
Apesar do discurso anti-Mercosul de Milei, tudo indica que a Argentina continuará no Mercosul. Diana Mondino, chanceler designada pelo presidente eleito da Argentina, fez uma visita diplomática ao Brasil recentemente e conversou com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
De acordo com Vieira, a visita de Mondino demonstrou que a Argentina trabalhará para fortalecer o Mercosul.
“Mondino disse que quer um Mercosul maior e mais forte. Para mim, o que vale é isso. Vamos trabalhar com esse governo até o final do mandato e depois com o novo governo”, disse Vieira.
No último domingo, Mondino afirmou que deseja finalizar as negociações do acordo do Mercosul com a União Europeia o mais rápido possível.
“Estamos conversando sobre a importância de assinar o Mercosul o quanto antes”, disse a chanceler.
- Leia também: Como as ações brasileiras são impactadas pela eleição de Milei?
- O que seria a dolarização da economia proposta por Milei? Quem já fez esse movimento?
Mercosul: o que é?
O Mercosul, ou Mercado Comum do Sul, é um bloco econômico que representa um marco na integração regional da América do Sul. Inicialmente formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, o bloco posteriormente expandiu-se para incluir a Venezuela e a Bolívia.
Desde a sua fundação, o Mercosul tem como objetivo principal criar um espaço comum que impulsione oportunidades de negócios e investimentos. Isso é alcançado através da integração competitiva das economias nacionais no mercado internacional.
Como resultado dessa iniciativa, o Mercosul estabeleceu uma série de acordos com países e grupos de países, concedendo-lhes, em alguns casos, o status de Estados Associados.
Nesta terça-feira (28), o Mercosul anunciou um acordo para criar uma área de livre comércio entre o bloco econômico e Singapura.
O acordo, o primeiro entre o grupo sul-americano e um país do Sudeste Asiático, permite a ambos os lados ampliar os fluxos comerciais, ter maior previsibilidade e melhores condições para a ampliação de investimentos.
Além disso, o Mercosul tem sido ativo na assinatura de acordos comerciais, políticos e de cooperação com uma variedade de nações e organizações em todos os cinco continentes. Isso reforça a natureza aberta e dinâmica do processo de integração regional promovido pelo Mercosul.
- Confira também: O que esperar de Milei na Argentina?
Como o Mercosul funciona?
O Mercosul opera com base em uma estrutura institucional robusta, que inclui o Conselho do Mercado Comum, o Grupo Mercado Comum e várias comissões e subgrupos de trabalho. Essas entidades colaboram para coordenar políticas macroeconômicas e harmonizar legislações, garantindo o bom funcionamento do mercado comum.
Além disso, o Mercosul implementou mecanismos de financiamento próprios, como o Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (FOCEM).
Este fundo financia projetos que visam promover a competitividade, a coesão social e a redução de assimetrias entre os membros do bloco.