Com a chegada de dezembro, o clima de Natal começa a tomar conta das casas, das ruas e do comércio. E, em 2025, a data vem acompanhada de uma novidade inédita para o bolso do consumidor: enquanto as compras de presentes ficaram um pouco mais caras, a tradicional ceia natalina está, em média, mais barata do que no ano passado.
Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), a inflação dos itens típicos do Natal registrou variação de apenas 0,10% no acumulado de 12 meses até novembro de 2025.
O resultado representa uma forte desaceleração em relação aos 4,48% observados no mesmo período do ano anterior, indicando um alívio importante nas pressões de preços que costumam marcar o fim do ano. No entanto, o comportamento não foi uniforme entre os diferentes tipos de gastos realizados nessa época.
Ceia de Natal mais barata em 2025, mas com exceções
A cesta de alimentos da ceia apresentou queda média de 1,44%, puxada principalmente por itens que haviam pesado no orçamento natalino em 2024. Produtos básicos como batata-inglesa (-39,93%), arroz (-23,74%) e azeite (-19,16%) tiveram recuos expressivos de preço.
De forma geral, esse movimento reflete a normalização das cadeias de oferta e um cenário agrícola mais favorável em 2025, além da desaceleração global das commodities alimentares e da melhora das condições climáticas no Brasil.
Apesar do alívio, nem tudo ficou mais barato na mesa de Natal. As proteínas, tradicionalmente protagonistas da ceia, continuam pressionando os preços. As carnes bovinas acumulam alta de 9,46%, enquanto pernil (+8,32%), lombo suíno (+7,47%) e frango inteiro (+7,78%) também registram aumentos relevantes.
O bacalhau, símbolo clássico da data, chama ainda mais atenção: após queda em 2024, o produto subiu 20,25% neste ano, influenciado pelo câmbio menos favorável em parte do período e por restrições internacionais de oferta.
Presentes voltam a subir
Do lado dos presentes, a inflação foi de 1,41%, marcando uma retomada após dois anos de variações muito baixas. Os eletrônicos seguem em queda (-1,29%), embora de forma menos intensa do que em 2024, com destaque para os celulares (-1,82%). Já o vestuário apresentou alta de 1,83%, com roupas masculinas subindo 3,12% e femininas, 1,34%.
Os itens infantis mostraram comportamento misto: enquanto os calçados tiveram forte queda (-6,16%), outros produtos não apresentaram o mesmo alívio. Para o pesquisador do FGV IBRE Matheus Dias, o movimento reflete um cenário de demanda mais aquecida.
“A cesta de presentes, a qual registrou elevação de 1,41%, volta a subir após dois anos de inflação muito baixa. O movimento reflete um consumo mais aquecido em 2025, em linha com o mercado de trabalho forte, o que pode ter influenciado na retomada mais acelerada de bens de consumo semiduráveis”, explica.
Cenário econômico influencia preços
A inflação de Natal de 2025 ocorre em um ambiente macroeconômico diferente do observado nos últimos anos. Segundo Dias, a conjuntura tem papel central na dinâmica atual dos preços.
“A desaceleração global, combinada à melhora das safras, reduziu pressões sobre alimentos, refletindo em uma queda de quase 1% nos preços de alimentos para o consumidor”, destacou o economista do FGV IBRE.
Por outro lado, ele pondera que o câmbio, embora relativamente estável, permaneceu boa parte do ano em patamar elevado. Somado aos custos logísticos ainda altos, esse cenário ajudou a manter a pressão sobre alguns itens importados, como o bacalhau e produtos de saúde e beleza.
Já pelo lado da demanda, o consumo das famílias segue sustentado pelo ganho real de renda e por um mercado de trabalho resiliente, o que favorece reajustes moderados na cesta de presentes. A convergência gradual da inflação para a meta também contribui para conter repasses ao consumidor, embora a resiliência dos preços de serviços ainda impeça um movimento mais rápido de desaceleração.
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