O nome de Javier Milei tomou conta do noticiário nesta segunda-feira (14), um dia após sua vitória nas prévias eleitorais das eleições presidenciais da Argentina, o chamado paso, um episódio que na sexta-feira (11) – último dia antes da primeira fase eleitoral – ninguém esperava que acontecesse.
A vitória de Milei caiu como uma bomba no cenário político já bastante conturbado do país. Ele, que é maior nome “outsider” da política do país, e líder do grupo La Libertad Avanza, teve 30,04% dos votos. Em segundo, ficou o grupo Juntos por El Cambio, com 28,27%, tendo a empresária Patrícia Bullrich como principal nome. O grupo governista, encabeçado pelo atual ministro da Economia, Sergio Massa, do Unión por la Patria, ficou somente em terceiro, com 27,27%.
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Fato contínuo, o terremoto eleitoral fez com que o governo subisse a cotação do dólar oficial em 22% e o dólar azul atingir 695 pesos argentinos. Como se não bastasse, o banco central local decidiu elevar a taxa de juros em 21 pontos base para 118% ao ano, considerada a maior taxa dos últimos 20 anos.
Mas, afinal, quem é Javier Milei? Conheça mais sobre o candidato que causou o mais recente terremoto político na Argentina.
Quem é Javier Milei?
Javier Gerardo Milei, economista, político, professor e escritor argentino, nascido em 22 de outubro de 1970 na capital Buenos Aires, tem se destacado como líder proeminente. Conhecido por suas posturas pouco ortodoxas, Milei é frequentemente caracterizado pela mídia como um político identificado com a extrema-direita argentina.
Ganhou notoriedade através de suas recorrentes aparições na televisão, onde direcionou críticas contundentes às gestões de Cristina Fernández de Kirchner, Mauricio Macri e Alberto Fernández, figuras proeminentes na cena política argentina. Sua propaganda aponta o candidato como sendo “a única opção” para uma mudança real. “Não podemos ter resultados diferentes fazendo as mesmas coisas”, escreveu ele em suas redes sociais, há alguns dias. Mas seu principal lema é: “Não vim aqui para liderar cordeiros, mas para despertar leões”.
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Alinhado com os princípios da Escola Austríaca de Economia, Milei se autodenomina como “filosoficamente anarcocapitalista” e “minarquista de curto prazo”, destacando assim sua inclinação ideológica. Desde 2021, assume o cargo de Deputado Nacional pela Cidade de Buenos Aires, representando a coalizão “La Libertad Avanza”.
Um dos pilares fundamentais de sua plataforma política é sua firme compromisso em não apoiar nenhum aumento de impostos ou a instituição de novos tributos. Ele expressou de forma marcante sua convicção: “Antes de permitir a elevação de qualquer imposto, ou a criação de um novo tributo, estou disposto a fazer um sacrifício pessoal tão grande como amputar meu próprio braço”, disse.
As propostas de Milei
Mas as propostas do candidato mais à direita no espectro político do país vizinho são o que mais destacam-se entre os demais concorrentes, saiba quais são as principais e mais polêmicas:
- Fechamento do Banco Central: uma das mais polêmicas propostas. Prevê uma concorrência livre entre as diferentes moedas que permita ao próprio cidadão fazer a escolha entre optar por uma escolha do sistema monetário que melhor lhe servir – seja no uso da moeda local ou até do dólar;
- Fim das “armadilhas cambiais”: outra proposta é o chamado “fim das armadilhas cambiais”, eliminando as retenções tributárias sobre exportações e direito de importação;
- Unificação do câmbio: hoje, o país conta com várias cotações do dólar para os mais diferentes fins – desde o “dólar oficial”, usado nas transações normais de importação e exportação, e ainda o “dólar azul”, uma espécie de cotação informal, muito utilizado no pequeno comércio de rua do país;
- Reforma trabalhista: propõe ainda uma nova lei que rege os contratos de trabalho, retirando a indenização para demissões sem justa-causa e substituir por um seguro-desemprego para evitar litígios judiciais;
Ao todo, em seu programa de governo completo, a campanha de Milei lista 47 ideias que podem exigir acordos políticos, legislativos e até judiciais para que possam ser retiradas do papel por completo. Fora da economia, ele propõe medidas como desregulamentação do mercado legal de armas, possibilitando que o cidadão comum tenha maior acesso ao armamento.
Outra proposta é a redução da maioridade penal, para que menores de idade possam ser diretamente responsabilizados por eventuais crimes, mas com uma reforma nas prisões para que possam atender à possível nova lei, conforme prevê a proposta de Javier Milei.