O fundo Verde, comandado por Luis Stuhlberger, decidiu ampliar sua participação na bolsa de valores brasileira, mesmo diante das turbulências políticas e econômicas que marcaram julho. A gestora vê no aumento do prêmio de risco uma oportunidade para capturar ganhos no mercado local.
Segundo a carta mensal da Verde Asset, o mês foi influenciado por um “inusitado triunvirato tarifas, Lei Magnitsky e popularidade presidencial”, desencadeado após o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar retaliações tarifárias contra o Brasil. Apesar do ruído inicial, uma lista de 694 exceções suavizou os impactos econômicos diretos, mas o episódio mexeu com o cenário político.
A decisão de Trump deu fôlego à narrativa nacionalista do presidente Lula, desviando o foco de escândalos e conflitos internos. Ainda assim, a gestora avalia que essa melhora na popularidade não deve se sustentar a longo prazo, e que a conjuntura permanece propícia para movimentos estratégicos na bolsa.
Visão macro e posicionamento do fundo
Mesmo com um grau de incerteza maior do que nos meses anteriores, a Verde enxerga as últimas turbulências como janelas de oportunidade. É o segundo mês consecutivo em que Stuhlberger adota visão mais otimista para ativos locais e para o real — uma mudança significativa em relação à postura mais defensiva que vinha sendo mantida desde 2016.
Em julho, o fundo registrou ganho de 0,22%, abaixo do CDI (1,28%). Os resultados positivos vieram principalmente das posições em crédito, criptomoedas e inflação nos Estados Unidos. Já as apostas em moedas, ações brasileiras e juros reais no país impactaram negativamente. No acumulado do ano, o retorno é de 7,38%, levemente inferior ao CDI, que soma 7,77%.
Olhar para o mercado externo
No cenário global, julho foi um mês de forte desempenho das bolsas americanas, que renovaram máximas históricas. O dólar também se fortaleceu, impulsionado pela “pujança do mercado acionário”, segundo a Verde.
Agosto, porém, começou com viés mais negativo, após dados de emprego dos EUA indicarem possibilidade de corte de juros pelo Federal Reserve já em setembro. Nesse contexto, a gestora mantém diversificação em moedas, com posições em euro, ouro e criptomoedas, e sustenta investimentos em juro real e inflação implícita nos EUA.
Para a bolsa global, a Verde reduziu proteções e voltou a ter posições líquidas compradas, sinalizando confiança na recuperação dos mercados, mesmo com as incertezas que rondam o cenário político e econômico internacional.
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