A Verde Asset, uma das gestoras mais respeitadas do mercado financeiro brasileiro, vive um momento delicado. Sob o comando de Luis Stuhlberger, o fundo Verde, seu principal produto, acumula uma valorização impressionante de 26.020% desde sua criação em 1997, superando com facilidade o CDI, que registrou um crescimento de 3.227% no mesmo período.
Stuhlberger é reconhecido como o “pai” dos fundos multimercados na Faria Lima. No entanto, os últimos meses trouxeram à tona um cenário inusitado: desempenho mais fraco do fundo e uma significativa saída de clientes.
Verde Asset: desempenho mais fraco em 2024
Em setembro de 2024, o fundo Verde conseguiu vencer o CDI, registrando 1,70% de retorno contra 0,83% do índice. Contudo, no acumulado do ano, o CDI segue à frente com 7,99%, enquanto o Verde acumula 6,39%.
Este desempenho abaixo do esperado tem preocupado investidores. Para efeito de comparação, em 2023, o Verde superou o CDI, com ganhos de 14,53% frente aos 13,05% do índice. Historicamente, o CDI superou o Verde em apenas quatro anos: 2008, 2014, 2017 e 2021, todos marcados por crises significativas na economia brasileira, períodos em que a economia brasileira foi impactada por grandes crises, como:
- a crise dos subprimes em 2008,
- a crise política de 2014,
- o período de reformas pós-impeachment de Dilma Rousseff em 2017, e
- o auge da pandemia de COVID-19 em 2021.
Confira abaixo uma tabela com o desempenho do fundo Verde:
Saída de clientes e encolhimento dos ativos
Segundo uma reportagem da Bloomberg, essa queda mais acentuada do Verde está resultando em uma enxurrada de resgates por parte dos clientes. Consequentemente, os ativos sob gestão da Verde têm encolhido.
No auge, em 2021, a Verde Asset administrava R$ 55 bilhões, sendo que o fundo Verde representava metade desse total. No entanto, o fundo registrou a segunda queda anual de sua história naquele ano, iniciando uma onda de saídas que ainda persiste.
Em outubro de 2024, a Verde gere apenas R$ 20 bilhões, distribuídos em fundos multimercados, de previdência e de ações com diferentes estratégias.
Cenário desfavorável e reformulação da equipe
Um dos fatores que contribuem para o desempenho fraco dos fundos multimercados é o cenário econômico atual.
A retomada da alta da taxa Selic torna a renda fixa mais atraente, com rentabilidades que ultrapassam, facilmente, os 13% ao ano com riscos muito baixos. Em alguns casos, chegam a ter uma rentabilidade acima de 15%.
Além disso, mudanças na tributação têm provocado saques dos fundos, enquanto a demanda por investimentos isentos de impostos disparou.
Durante uma participação em podcast, Stuhlberger mencionou que a “proliferação de investimentos isentos é uma coisa exponencial”. Além disso, ele afirmou que a Verde está em um processo de realocação de ativos por conta deste novo cenário do mercado.
Em virtude disso, Stuhlberger realizou diversas mudanças em sua equipe.
Nos últimos seis meses, o gestor principal reassumiu as decisões de investimento em fundos de ações Brasil e promoveu demissões, incluindo traders e o responsável pela área comercial da gestora.
Para enfrentar a crise, Stuhlberger conta com um novo sócio: Daniel Goldberg, ex-CEO do Morgan Stanley (MS; MSBR34) no Brasil e atual líder da Lumina Capital, que adquiriu uma participação minoritária na Verde em novembro de 2023.
As demissões na gestora começaram alguns meses após a entrada de Goldberg, com antigos executivos entre os que deixaram a empresa.
Apesar das mudanças, veteranos da Verde afirmam que Stuhlberger sempre manteve o controle próximo das decisões do fundo principal.
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