Com a temporada de balanços do terceiro trimestre encerrada, uma análise divulgada pelo BTG Pactual (BPAC11) indica um desempenho misto entre as empresas brasileiras. Excluindo Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3), a receita e o EBITDA vieram 1,6% e 1,5% acima das projeções do banco, enquanto o lucro líquido ficou 3% abaixo do esperado. Na comparação anual, a receita avançou 10% e o EBITDA cresceu 7%, mas o lucro líquido recuou 22%. Ajustados os resultados de Vibra (VBBR3), Sabesp (SBSP3) e Cemig (CMIG4) — que tiveram impactos pontuais relevantes em 2024 — os lucros do 3TRI25 caíram 11% na base anual. Com isso, os resultados do 3TRI25 mostram pressão sobre lucros.
Segundo o relatório do banco de investimentos, entre as companhias com operações predominantemente domésticas, os números vieram ligeiramente acima do previsto. A receita superou as estimativas em 3,7%, enquanto EBITDA e lucro líquido ficaram 2,1% acima das projeções. Em relação ao 3TRI24, a receita cresceu 17% e o EBITDA aumentou 10%.
O lucro líquido recuou 16%, mas a queda diminui para cerca de 2% quando ajustada pelos eventos extraordinários. O banco observa que parte importante da pressão sobre o lucro está relacionada à Selic mais elevada: a taxa média do trimestre foi de 15%, ante 10,5% no ano anterior.
Resultados do 3TRI24: Alimentos & Bebidas e Varejo lideram crescimento; Agronegócio recua
O BTG destaca que 14 dos 17 setores analisados registraram expansão da receita líquida na comparação anual, novamente excluindo Petrobras e Vale. Alimentos & Bebidas foi o principal destaque, com crescimento de R$ 21,2 bilhões (+11% a/a), impulsionado pela JBS, que sozinha adicionou R$ 12,6 bilhões (+11%). O setor lidera o crescimento de receita por seis trimestres consecutivos.
O setor de Varejo também avançou, embora abaixo do esperado pelo banco, com receita consolidada 5% maior. Entre as companhias de maior porte, SmartFit (+R$ 0,4 bilhão; +28%) e Raia Drogasil (+R$ 1,3 bilhão; +13%) foram os destaques. O setor imobiliário apresentou forte avanço (+R$ 1,8 bilhão; +15%), impulsionado principalmente pelas construtoras de baixa renda beneficiadas pelo MCMV. Cury (+34%), Direcional (+27%) e Tenda (+24%) lideraram o movimento.
O Agronegócio, em contrapartida, registrou o pior desempenho, com queda de R$ 10,6 bilhões (-13% a/a).
EBITDA cresce em Mineração & Siderurgia e Aluguel de Carros, indica BTG
Em termos de EBITDA, Mineração & Siderurgia e Aluguel de Carros & Logística foram os segmentos de maior expansão, com aumentos de R$ 1,9 bilhão (+25% a/a) e R$ 1 bilhão (+11% a/a), respectivamente. O BTG destaca o bom desempenho de CSN (CSNA3), CSN Minerção (CMIN3) e Aura (AURA33) — esta última com alta de 91%, sustentada pelo aumento de produção e pelos preços elevados do ouro.
No setor de locação, Movida registrou avanço de R$ 0,2 bilhão (+19%) e Localiza cresceu R$ 0,2 bilhão (+7%). Segundo o banco, as companhias vêm elevando preços para compensar depreciação mais alta da frota e juros estruturalmente elevados, fatores que comprimem o retorno sobre capital investido.
Apesar da forte expansão em receita, Alimentos & Bebidas ficou entre os piores desempenhos em EBITDA, com queda de R$ 1,6 bilhão (-6%), influenciada pela retração da JBS.
Lucros domésticos recuam 16%
O BTG Pactual ainda aponta que os lucros domésticos caíram 16% a/a, com Serviços Básicos, Petróleo & Gás e Bancos respondendo pela maior parte da queda. Sabesp (-R$ 4,8 bilhões; -80%) e Cemig (-R$ 2,5 bilhões; -76%) lideraram o recuo, ambas impactadas por eventos extraordinários em 2024. No segmento de Petróleo & Gás (ex-Petrobras), o lucro caiu R$ 4,3 bilhões, reflexo sobretudo do crédito fiscal de quase R$ 4 bilhões que inflou os resultados da Vibra no 3TRI24.
No setor bancário, mesmo com o crescimento de 11% do lucro do Itaú, o desempenho consolidado foi prejudicado pela queda superior a 60% no lucro do Banco do Brasil (-R$ 5,7 bilhões).
Na outra ponta, Mineração & Siderurgia foi o setor que mais contribuiu para a alta dos lucros, com avanço de R$ 1 bilhão (+92%), puxado pela CSN (+R$ 1,1 bilhão). A valorização do real também favoreceu o setor, reduzindo os efeitos financeiros de dívidas em dólar.
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