Assista a Money Week
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
Ações
Notícias
Petrobras nega negociação com Raízen, mas mantém estudos sobre etanol

Petrobras nega negociação com Raízen, mas mantém estudos sobre etanol

A Petrobras (PETR3; PETR4) negou que esteja em curso qualquer projeto ou estudo para investir na Raízen (RAIZ4), joint venture formada por Shell e Cosan, seja por meio de aquisição de participação ou compra de ativos.

A resposta veio após reportagem do jornal O Globo apontar que a estatal avalia ingressar na companhia como parte de sua estratégia de retomada no setor de etanol.

“Pelo exposto, as informações divulgadas na matéria não procedem e, portanto, não caracterizam Fato Relevante”, afirmou a Petrobras em comunicado ao mercado.

Apesar da negativa, a movimentação no mercado foi imediata: as ações da Raízen dispararam 10,58% na B3 na segunda-feira (18), revertendo parte das perdas da semana anterior, quando o papel acumulou queda de mais de 16% após a divulgação de prejuízo bilionário e aumento da alavancagem da empresa.

Petrobras nega negociação com Raízen: Etanol de milho em pauta

Embora tenha afastado a possibilidade de uma associação direta com a Raízen, a Petrobras segue avaliando caminhos para voltar ao mercado de etanol, segundo apuração da Reuters. Fontes próximas à companhia afirmam que o foco estaria voltado especialmente ao etanol de milho — segmento que cresceu mais de 30% no último ano, enquanto a produção de etanol de cana permaneceu estagnada.

Publicidade
Publicidade

Entre os fatores que favorecem o milho estão a redução de custos, a expansão da fronteira agrícola, sobretudo no Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), e a maior estabilidade de oferta, já que não compete com o açúcar pela matéria-prima. “Estamos mais próximos de milho do que de cana. As perspectivas são melhores”, disse uma das fontes à agência, sob anonimato.

A Petrobras não comentou de imediato a apuração. Já a Raízen informou no sábado (16) que não se manifestaria sobre o tema.

O entrave da cláusula de não competição

Além de definir o modelo de investimento, a estatal precisa enfrentar um obstáculo regulatório: a cláusula de não competição firmada com a Vibra (antiga BR Distribuidora), válida até 2029, que restringe sua atuação em distribuição de combustíveis. Segundo fontes internas, alternativas como segregação de ativos ou governança diferenciada estão em análise para contornar o impasse.

Raízen em busca de fôlego

Líder global na produção de etanol de cana e pioneira no etanol de segunda geração em escala comercial, a Raízen atravessa um momento de pressão financeira. A companhia reportou prejuízo de R$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre da safra 2025/26, revertendo lucro de R$ 1,1 bilhão em igual período do ano anterior. Sua controladora, a Cosan, também registrou perdas de R$ 946 milhões no segundo trimestre, com dívida líquida de R$ 17,5 bilhões.

Para analistas, a entrada de um sócio estratégico como a Petrobras poderia aliviar a situação.

“A Petrobras surge nesse cenário como uma alternativa óbvia. Para a Raízen, seria uma grande solução. Para a Petrobras, o investimento não seria significativo em termos financeiros, mas teria forte valor estratégico, reforçando a diversificação em energias renováveis”, avalia Felipe Paletta, da EQI Research.

Biocombustíveis no radar

O plano estratégico da Petrobras para 2025–2029 prevê US$ 2,2 bilhões em investimentos em usinas de etanol, dentro de um pacote de US$ 111 bilhões. A ideia é acelerar a entrada no segmento por meio de parcerias e aquisições, em vez de construir uma nova frente do zero.

A ampliação da mistura obrigatória de etanol na gasolina, que deve chegar a 30%, também aumenta a atratividade do setor para a estatal. “A volta ao mercado de etanol é certa, mas não tem nada com ninguém neste momento”, disse uma fonte.

Enquanto a Petrobras nega movimentações imediatas, o mercado segue atento: para a Raízen, um parceiro estratégico pode ser questão de sobrevivência; para a Petrobras, o passo pode significar mais do que diversificação — seria a chance de reposicionar sua imagem no tabuleiro da transição energética.