Os melhores investimentos de agosto seguiram um caminho diferente do esperado. As aplicações atreladas à Selic ou ao CDI trouxeram o melhor resultado no mês, com alta de 1,14%.
Agosto teve início com a decisão mais esperada pelo mercado financeiro: o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciou o ciclo de corte de juros da taxa básica de juros, a Selic. Mesmo com a redução de 0,5 ponto percentual, o movimento seguinte não foi o esperado, e os índices de ações passaram por uma sequência histórica de quedas.
A Selic passou por um corte, mas permanece em patamar alto, a 13,25% ao ano, portanto, muitos recursos devem permanecer acomodados na renda fixa.
O ciclo monetário, quando é a favor, costuma ser um impulsionador à tomada de risco, afirma Roberto Chagas, chefe de renda variável da EQI Asset, ao jornal Valor Econômico.
Para Chagas, as reduções feitas pelo Banco Central vão levar a Selic a 8,75% ao ano, revertendo o cenário super contracionista da política monetária.
“Esse movimento é estimulante para reposicionamento dos portfólios, e a renda variável é um dos melhores ativos para uma fase assim. Não é a única – tem multimercados, fundos imobiliários –, mas a bolsa é um expoente disso”, pontuou.
O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores brasileira, a B3 ($B3SA3), encerrou agosto com recuo de 5,1%. No ano, a valorização é de 5,5%.
Melhores investimentos de agosto
O dólar e o ouro foram os grandes destaques positivos nos melhores investimentos de agosto. O dólar à vista encerrou o mês em alta de 4,69%, negociado a R$ 4,95, enquanto o dólar PTAX subiu 3,82% no período, para R$ 4,92.
Em segundo lugar, o ouro encerrou o mês com uma valorização de 4,08%. O metal é cotado em dólar no mercado internacional.
Por outro lado, na ponta negativa está o bitcoin, que recuou 6,34% em agosto. No entanto, no ano a criptomoeda tem forte valorização de 48%.
Veja, a seguir, o ranking dos melhores investimentos de agosto.
Investimento | Rentabilidade em agosto | Rentabilidade no ano |
Dólar à vista | 4,69% | -6,23% |
Ouro | 4,08% | 1,32% |
Dólar PTAX | 3,82% | -5,66% |
Índice de Debêntures Anbima Geral (IDA – Geral)* | 1,52% | 7,56% |
Tesouro Selic 2026 | 1,19% | – |
Tesouro Selic 2029 | 1,13% | – |
CDI* | 1,08% | 8,81% |
Índice de Debêntures Anbima – IPCA (IDA – IPCA)* | 1,04% | 7,92% |
Tesouro Prefixado 2026 | 0,73% | 14,94 |
Poupança antiga | 0,65% | 4,73% |
Poupança nova | 0,65% | 4,73% |
IFIX | 0,49% | 12,06% |
Tesouro Prefixado 2029 | -0,13% | 19,85 |
Tesouro IPCA+ 2029 | -0,42% | – |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2033 | -0,44% | 18,13 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2032 | -0,57% | 12,99 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040 | -1,25% | 14,87 |
Tesouro IPCA+ 2035 | -1,85% | 15,5 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055 | -2,66% | 15,53 |
Tesouro IPCA+ 2045 | -4,52% | 18,21 |
Ibovespa | -5,09% | 5,47% |
Bitcoin | -6,34% | 48,08% |
O que esperar com queda da Selic
O chefe de renda variável da EQI Asset vê potencial na renda variável para os próximos meses, conforme o Copom siga optando pelas reduções dos juros.
Diversos setores podem ser privilegiados pela trajetória de redução de juros, como o varejo. Chagas cita Iguatemi (IGTI3), Vivara (VIVA3) e Mercado Livre (MELI34) como teses dessa transição.
“Isso tudo só é verdade se o ambiente lá fora não for ultra hostil”, avalia.
Chagas acredita ser necessário algum decréscimo na atividade norte-americana para deixar o Federal Reserve, banco central dos EUA, confortável com a inflação e encerrar de fato o seu ciclo de aperto monetário.
Durante o Simpósio de Jackson Hole, na semana passada, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que a autoridade está preparada para elevar ainda mais as taxas de juros do país caso seja apropriado.
“Precisamos de mais progresso na inflação de serviços não habitacionais”, disse. Apesar do progresso em relação aos esforços para a desaceleração da inflação, Powell comentou que as taxas reais estão bem acima das estimativas. Segundo o presidente do Fed, dois meses de bons dados são apenas o começo do necessário para construir a confiança no indicador.