Descubra as 10 Maiores Pagadoras de Dividendos da Bolsa
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
Investimento no Exterior
Notícias
Crise na OpenAI: fala de CFO sobre garantias do governo provoca ruído e força Altman a se explicar

Crise na OpenAI: fala de CFO sobre garantias do governo provoca ruído e força Altman a se explicar

Declaração de Sarah Friar sobre possíveis garantias federais para projetos trilionários acendeu alerta no mercado; CEO da OpenAI negou pedido de socorro estatal e defendeu que “o governo não deve escolher vencedores ou perdedores”

A OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT, se viu no centro de uma polêmica nesta semana após declarações de sua diretora financeira, Sarah Friar, sobre o possível apoio do governo dos Estados Unidos a empréstimos bilionários para financiar a expansão da empresa.

Durante o evento Tech Live, promovido pelo The Wall Street Journal, Friar afirmou que as garantias de empréstimos oferecidas pelo governo poderiam “reduzir significativamente o custo de financiamento” e atrair novos credores para projetos estimados em mais de US$ 1 trilhão. 

A executiva defendeu que a escala e o custo da corrida por infraestrutura em inteligência artificial justificariam uma parceria entre setor privado e Estado.

A fala, porém, foi interpretada pelo mercado como um pedido de socorro federal para uma empresa que, embora tenha receita anual de cerca de US$ 13 bilhões, se comprometeu com investimentos de até US$ 1,4 trilhão em infraestrutura, data centers e fornecimento de chips.

Recuo e tentativa de esclarecimento

A repercussão foi imediata. Analistas e investidores questionaram a sustentabilidade do modelo de financiamento da OpenAI, enquanto Sam Altman, CEO da companhia, precisou vir a público para esclarecer a situação.

Publicidade
Publicidade

Em postagem no LinkedIn, Sarah Friar tentou corrigir o rumo, dizendo que “usou a palavra ‘salvaguarda’ e isso confundiu o argumento”. Segundo ela, a fala original defendia que “a força americana em tecnologia virá da construção de capacidade industrial real, com o setor privado e o governo desempenhando seu papel” — não um pedido formal de ajuda.

Mesmo assim, o mal-estar persistiu. O investidor David Sacks, presidente do Conselho Consultivo para Ciência e Tecnologia do governo Trump, respondeu no X que “não haverá resgate federal para IA.

Sam Altman nega pedido de ajuda e defende independência do setor

Diante da escalada da controvérsia, Sam Altman publicou um extenso esclarecimento no X, rebatendo as especulações.

“Não temos nem queremos garantias governamentais para data centers da OpenAI. O governo não deve escolher vencedores ou perdedores, e os contribuintes não devem resgatar empresas que tomam decisões ruins. Se uma falhar, outras farão um bom trabalho”, escreveu o executivo.

Altman explicou que a empresa discute apenas garantias relacionadas à produção de chips nos Estados Unidos, em linha com o esforço do governo americano para repatriar a cadeia de semicondutores. Segundo ele, esse tipo de apoio “não tem nada a ver com garantir dívidas de empresas privadas”, mas com reforçar a “posição estratégica dos EUA”.

O CEO também projetou um forte crescimento: a OpenAI deve encerrar o ano com receita acima de US$ 20 bilhões, com expectativa de atingir “centenas de bilhões” até 2030. 

Altman afirmou ainda que a companhia “pode levantar mais capital ou dívida no futuro”, mas descartou a necessidade de apoio estatal.

Modelo de financiamento sob escrutínio

O episódio reacendeu o debate sobre o modelo de financiamento da revolução da IA, marcado por uma rede de investimentos cruzados entre gigantes de tecnologia.

O gestor Andrey Nousi, CFA e fundador da Nousi Wealth, classificou o cenário como “um ciclo de capital perigoso”. Em post no Instagram, ele destacou que empresas como OpenAI, Nvidia (NVDA; NVDC34), Oracle (ORCL; ORCL34) e AMD (AMD; $A1MD34) estariam investindo umas nas outras, criando “receitas artificiais, infraestrutura trilionária e uma dependência de crédito que lembra os conglomerados japoneses dos anos 80”.

“Quando uma revolução tecnológica passa a depender de socorro estatal, o risco deixa de ser de inovação e passa a ser sistêmico”, escreveu Nousi.

Em um fio no X, ele acrescentou que “a engrenagem da IA está sendo movida a dívida”, com empresas financiando suas próprias receitas em um ciclo interligado. Ele citou ainda estimativas da McKinsey que apontam US$ 5,2 trilhões em investimentos de capital (CapEx) em inteligência artificial até 2030 e 23 gigawatts de energia necessários apenas para os data centers da OpenAI — o equivalente a 23 usinas nucleares.

Leia também:

Risco de bolha?

Apesar do tom crítico, Nousi reconhece que a inteligência artificial é uma revolução real, capaz de elevar receitas e margens em várias empresas de tecnologia. O ponto de atenção, segundo ele, está no modelo de financiamento, baseado em dívida crescente, energia escassa e interdependência entre players.

“Quando a inovação precisa de garantias do governo para sobreviver, não é disrupção — é risco sistêmico mascarado de futuro”, afirmou.