O relatório “Onde Investir em 2025 – 4º trimestre”, da EQI Research, mostra que o Ibovespa manteve um desempenho firme em 2025, com destaque para os maiores retornos do índice no ano, e segue em um ciclo virtuoso de valorização, sustentado pela queda dos juros, pela desinflação e pelo fluxo de capital estrangeiro.
No capítulo “Ações: mais do mesmo, e isso é bom”, os analistas Felipe Paletta e Nícolas Merola afirmam que a continuidade desse movimento reforça as boas perspectivas para a Bolsa nos próximos trimestres.
Segundo a EQI Research, a valorização observada nos primeiros trimestres de 2025 se manteve consistente ao longo do terceiro trimestre, com destaque para os setores de construção civil, shoppings, utilities e financeiro. Esses segmentos continuaram entre os principais vetores de alta do Ibovespa, impulsionados por um ambiente de juros mais baixos e pela desinflação.
“Ao longo do terceiro trimestre, esse processo se repetiu, com o dólar negociando mais próximo dos R$ 5,30 e aqueles setores que tinham performado positivamente seguindo em alta”, afirmam Paletta e Merola.
As maiores valorizações do Ibovespa entre 30 de junho e 1º de outubro de 2025 foram registradas por Eletrobras (ELET3), GPA (PCAR3) e Minerva (BEEF3), todas com ganhos superiores a 30% no período.
Logo abaixo desse grupo, também se destacaram — com avanços entre 15% e 30% — companhias como MRV (MRVE3), Rede D’Or (RDOR3), Cyrela (CYRE3), Cogna (COGN3), Direcional (DIRR3), Raia Drogasil (RADL3), Ultrapar (UGPA3), Fleury (FLRY3), Eneva (ENEV3) e a Eletrobras PN (ELET6).
Entre as ações da carteira Buy & Hold da EQI Research, apenas Equatorial (EQTL3) e Itaúsa (ITSA4) encerraram o trimestre com valorização, figurando entre as que apresentaram desempenho positivo no período. Enquanto a Equatorial avançou entre 15% e 30%, a Itaúsa manteve alta moderada, próxima de 5%.
Setores domésticos lideram e exportadores perdem fôlego
O relatório destaca que o processo de desinflação e a valorização do real favoreceram empresas voltadas ao mercado doméstico, como as de construção, consumo e infraestrutura, que seguiram entre os principais vetores de alta do Ibovespa.
Já os setores exportadores, como energia, materiais e indústria, sentiram o impacto cambial sobre as margens, apresentando desempenho mais contido.

“Para uns, o dólar mais baixo se tornou um suspiro de esperança de que os juros poderão começar a cair; para outros, foi um pesadelo”, observam os analistas.
Embora o movimento tenha reduzido o ímpeto de valorização de companhias exportadoras, muitas ainda registraram ganhos no trimestre, apenas em ritmo menor. Entre as exceções, PRIO (PRIO3), Cosan (CSAN3) e Klabin (KLBN11) figuraram entre as poucas ações que encerraram o período no campo negativo.

Desaceleração econômica pode beneficiar o mercado de ações
A EQI Research ressalta que a desaceleração da atividade econômica observada no trimestre não é necessariamente um sinal negativo. Pelo contrário — o movimento abre espaço para uma política monetária mais expansionista, o que tende a impulsionar os preços das ações no médio prazo.
“Esse processo em curso pode ser um excelente sinal para a Bolsa, uma vez que abre espaço para uma política monetária expansionista, para além do que o mercado precifica”, explica o relatório.
Com isso, a casa vê potencial de valorização relevante para o Ibovespa até junho de 2026, dependendo do comportamento da taxa de juros e dos lucros corporativos.
“Esse cenário reforça as estimativas da EQI Research para o desempenho do Ibovespa nos próximos trimestres”, reforçam os analistas.
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Cenário-base aponta alta de 18%, e projeção otimista chega a 52%
No modelo de precificação da EQI, que considera diferentes níveis de juros reais e múltiplos de preço/lucro (P/L), o cenário-base projeta o Ibovespa em 173 mil pontos até meados de 2026, o que representaria uma alta de 18,3% em relação aos níveis atuais.
No cenário otimista, o índice poderia atingir 223 mil pontos, uma valorização de até 52,3%, caso a taxa de juros real de longo prazo caia para 4,5%. Já o cenário pessimista, com juros de 6,5%, levaria o índice para 142 mil pontos, queda de 2,6%.
Os analistas também apresentam uma tabela de sensibilidade, relacionando os lucros projetados do Ibovespa (LPA 2026) a diferentes múltiplos de P/L. Mesmo no cenário conservador, a simulação aponta espaço para retornos positivos, reforçando o caráter assimétrico do risco.
“Mais do mesmo” é a melhor estratégia
O título do capítulo resume o diagnóstico dos analistas: o cenário é favorável à continuidade das teses que se destacaram nos últimos trimestres.
Segundo Paletta e Merola, não há necessidade de mudanças radicais na carteira, já que os fundamentos seguem sólidos e o ciclo de queda dos juros ainda não se completou.
“Estamos mais convictos de que estamos diante de um longo e virtuoso ciclo para as ações brasileiras”, destacam os analistas.
“Mesmo que não tenhamos um adensamento precoce nos preços, temos hoje a liberdade de observar uma recuperação ordenada de ações antes consideradas mais arriscadas, que agora ganham novo fôlego amparadas pelo alívio macroeconômico”, complementam.
A EQI Research reforça ainda que o investidor que busca capturar o melhor das oportunidades deve continuar acompanhando a carteira Buy & Hold da casa, que reúne as recomendações de longo prazo dos analistas.
Perspectiva final: o ciclo de alta está apenas começando
A conclusão do relatório é clara: o ciclo positivo da bolsa brasileira ainda está em seus estágios iniciais.
Embora o cenário político — especialmente as eleições presidenciais — possa trazer volatilidade, a EQI Research mantém um tom otimista quanto ao desempenho do mercado acionário no médio prazo.
“Mesmo que o bom desempenho até aqui represente apenas o início, acreditamos que a bolsa está diante de um ciclo virtuoso, sustentado por fundamentos e pelo alívio monetário”, resume o documento.
Leia a análise da EQI Research na íntegra clicando aqui.