Se você acompanha o mercado financeiro há algum tempo, provavelmente já ouviu falar do fenômeno conhecido como “Rally de Natal”. Esse conceito não é novo: todos os anos, em dezembro, investidores se deparam com este termo e frequentemente tem maior disposição para investir neste período.
De forma resumida, o Rally de Natal refere-se a uma crença popular entre investidores de que, em dezembro, há uma tendência de alta nos preços das ações.
Mas será que essa percepção se sustenta na prática ou é apenas uma ilusão coletiva? Segundo um estudo conduzido por Denys Wiese, estrategista de investimentos da EQI, a resposta é sim, embora existam ressalvas importantes.
Rally de Natal: o que explica o fenômeno?
De acordo com o relatório, a teoria sugere que o comportamento sazonal do mercado é influenciado por fatores como o afastamento temporário de investidores institucionais, os chamados “tubarões”, durante as festas de fim de ano.
Com a ausência de grandes operações vendidas — que apostam na queda das ações —, pequenos investidores, geralmente com estratégias de curto prazo e posições compradas, acabam dominando o mercado. Esse cenário cria uma força compradora que impulsiona os preços.
Além disso, Wiese destaca outros fatores que contribuem para essa valorização sazonal, como:
- Pagamentos de 13º salário, dividendos e bônus;
- Um ciclo de otimismo típico das expectativas de final de ano;
- A virada do ano fiscal, que influencia a postura dos investidores.
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Números confirmam a tendência
Segundo o estudo do estrategista da EQI, entre 1995 e 2024, o rendimento médio do Ibovespa em dezembro foi de 3,2%, contra 1% do CDI. Os dados ficam ainda mais claros em uma simulação proposta por Wiese.
Ele sugeriu a seguinte estratégia: investir em CDI de janeiro a novembro e, no último dia de novembro, transferir o capital para o Ibovespa, mantendo o investimento até o final de dezembro. Essa abordagem resultou em retornos significativamente maiores.
Se um investidor tivesse aplicado R$ 10 mil seguindo essa estratégia desde 1995, teria acumulado cerca de R$ 536 mil em 2024. Esse valor é muito superior aos R$ 313 mil que seriam alcançados com investimentos contínuos no Ibovespa ou CDI no mesmo período.
O estudo também mostrou que esse efeito é específico de dezembro. Testes semelhantes realizados em meses vizinhos, como novembro e janeiro, não apresentaram os mesmos resultados.
“O mês de dezembro é o diferente”, destacou Wiese.
Para mais detalhes sobre as estratégias de investimento mencionadas pelo estrategista, confira abaixo o gráfico do estudo, que compara o desempenho de cada uma delas.
Uma análise mais recente
O estudo também avaliou períodos mais curtos para verificar se o Rally de Natal continua relevante.
- Nos últimos 10 anos, o rendimento médio em dezembro foi de 1,2% no Ibovespa e 0,8% no CDI, uma diferença menos expressiva que a média histórica.
- Nos últimos 5 anos, porém, o rendimento médio voltou a crescer para 4,6% no Ibovespa e 0,7% no CDI, sugerindo que o fenômeno ainda pode ser vantajoso para investidores táticos.
Veja abaixo um resumo do impacto do Rally de Natal nas últimas décadas:
- Últimos 25 anos: rendimento médio de 4% (Ibovespa) contra 1% (CDI).
- Últimos 20 anos: rendimento médio de 2% (Ibovespa) contra 0,9% (CDI).
- Últimos 15 anos: rendimento médio de 1,4% (Ibovespa) contra 0,8% (CDI).
- Últimos 5 anos: rendimento médio de 4,6% (Ibovespa) contra 0,7% (CDI).
“A teoria foi testada e comprovada. Sim, as ações tendem a subir em dezembro e a superar o rendimento do CDI. Há ‘Rally de Natal’! Ele realmente existe. Então, caro investidor, fiquemos atentos, porque esta pode ser uma boa oportunidade; tanto para entrar no mercado de ações quanto para permanecer com elas – se você já tem – pelo menos pelo próximo mês”, afirmou Wiese.
Nem tudo são flores
Apesar dos dados que confirmam o Rally de Natal, Wiese alerta que o fenômeno não garante ganhos.
Embora a média histórica seja positiva, há anos em que o Ibovespa apresentou desempenho negativo em dezembro. Além disso, eventos macroeconômicos relevantes e movimentos inesperados do mercado podem facilmente alterar o padrão.
Por fim, o estrategista enfatiza que a recomendação principal é focar em investimentos de longo prazo, baseados em fundamentos sólidos e no crescimento sustentável das empresas.
O estudo reforça que, embora estatisticamente comprovado, o Rally de Natal deve ser aproveitado com cautela. Entender o contexto específico de cada dezembro e outros fatores macroeconômicos é essencial para tirar proveito dessa oportunidade sazonal de maneira estratégica.
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