
Ações: por que estamos mais otimistas do que antes?
31 Mar 2025 às 09:41 · Última atualização: 31 Mar 2025 · 6 min leitura
31 Mar 2025 às 09:41 · 6 min leitura
Última atualização: 31 Mar 2025
Viajando pelo interior de São Paulo, uma curiosidade toma conta da paisagem: a energia solar. Além das plantações de cana e eucalipto, é cada vez mais comum avistar fazendas solares no horizonte — uma infinidade de painéis fotovoltaicos ocupa os telhados das grandes propriedades rurais às casas mais simples.
De fato, entre 2020 e 2022, um dos melhores investimentos para os brasileiros foi a instalação de placas solares em imóveis.
Com regras favoráveis (subsídios) e o aumento constante da conta de luz, a decisão era óbvia: instalar painéis solares, gerar sua própria energia e escapar dos reajustes na conta de eletricidade.
Não por acaso, muitos brasileiros aproveitaram essa oportunidade. O número de instalações de geração distribuída (em que o consumidor gera sua própria energia) cresceu de maneira acelerada.
Certamente você também percebeu na sua região o avanço retratado no gráfico abaixo, com a mudança de configuração dos telhados na prática para abrigarem os painéis solares.
O crescimento dessa capacidade de geração é impressionante, mas há um problema: as placas solares só geram energia durante o dia (quando há sol).
Assim como não conseguimos “estocar o vento”, como sugeriu a ex-presidente Dilma Rousseff em um discurso na ONU que acabou rendendo inúmeras piadas nas redes sociais, também ainda não descobrimos como armazenar a luz solar de forma eficiente.
O problema é que as pessoas continuam consumindo energia elétrica mesmo quando o sol não está brilhando — especialmente no horário de pico, entre 18h e 19h. É nesse momento que o sistema elétrico mais precisa de energia, mas as usinas solares não estão gerando.
Para piorar esse cenário, a demanda por energia (carga) tem crescido consistentemente nos últimos anos, como atesta a seguinte imagem:
O que o sistema elétrico precisa, portanto, são de usinas que possam ser ligadas ou desligadas rapidamente para atender aos picos de demanda e cobrir as falhas das usinas solares e eólicas.
No Brasil, as hidrelétricas, que representam 46% de toda a capacidade de geração, funcionam como baterias naturais, aumentando sua produção nos horários de pico.
Agora, o que aconteceria se as hidrelétricas fossem insuficientes, ou se uma nova seca reduzisse sua capacidade de geração?
Bem, já estamos vendo isso acontecer.
Desde 2016, não construímos usinas hidrelétricas relevantes, enquanto o consumo de energia segue aumentando.
Por sorte, desde 2021 não enfrentamos uma seca severa, o que tem evitado que o problema fique evidente — mas é claro que há uma fragilidade estrutural no sistema.
Dá uma olhada nestas tabelas:
Como podemos ver, a participação das hidrelétricas deve cair até 2029, enquanto a participação da geração solar — tanto no formato de geração distribuída quanto de solar centralizada — deve crescer para 21,7% e 9,1%, respectivamente.
Portanto, o problema de intermitência tende a se agravar, o que deve tornar as hidrelétricas ainda mais valorizadas.
As hidrelétricas estão sendo cada vez mais necessárias para o equilíbrio do sistema, mas ainda não são remuneradas adequadamente por isso. É aí que surge uma nova oportunidade para os investidores.
Como a energia é abundante durante o dia e escassa à noite, há uma diferença de preço: o chamado PLD horário (Preço de Liquidação das Diferenças). As hidrelétricas vendem a maior parte de sua energia justamente nos horários de preços mais vantajosos, o que deve aumentar sua rentabilidade.
Então devo comprar ações de empresas geradoras de energia agora?
Como quase sempre, a resposta é: depende. Apenas algumas empresas vão se beneficiar dessa tendência — especialmente aquelas com grande participação de usinas hidrelétricas e térmicas na matriz de geração.
Outro fator importante é o contrato de venda da energia. Para capturar esse movimento de alta nos preços, a empresa precisa ter parte da sua energia “em estoque” para comercializar no futuro.
Quando analisamos as empresas listadas que atendem a esses critérios, encontramos dois nomes com grande potencial: Eletrobras (ELET6; ELET3) e Copel (CPLE6), verdadeiras “empresas para ganhar com os preços de energia”.
Veja a alta dos preços da energia desde o início de 2023…
Só nos últimos 12 meses, o preço da energia negociada no mercado subiu mais de 21%.
Portanto, se uma empresa tem um produto (energia) que está se valorizando, é lógico esperar que ela venda esse produto por um preço maior e tenha uma rentabilidade superior.
É exatamente o que está acontecendo com algumas empresas do setor elétrico.
As usinas eólicas e solares, por outro lado, estão sendo impactadas negativamente. Como produzem energia de maneira intermitente (ou seja, sem controle sobre o momento em que a energia será gerada), elas não conseguem suprir a demanda nos horários mais críticos.
Além disso, essas usinas estão enfrentando um problema chamado curtailment — quando a geração de uma usina (geralmente eólica ou solar) precisa ser reduzida ou até mesmo interrompida por sobreoferta de energia ou por falta de capacidade de transmissão para escoar a energia gerada.
Assim, os geradores deixam de vender energia, o que reduz a receita e afeta a rentabilidade dos projetos. Por isso, muitas empresas focadas em energia renovável (eólica e solar) têm sido impactadas negativamente, o que se reflete em suas cotações na bolsa.
Em resumo, o crescimento do setor não é visível apenas nas fazendas solares que tomam conta das paisagens pelo interior de São Paulo – se dá também no mercado de investimentos, como não poderia deixar de acontecer.
Mas, dada a abrangência do setor, é importante ter em mente que apenas algumas empresas vão se beneficiar dessa tendência, enquanto outras ainda sofrerão mais com a sazonalidade e fatores estruturais.
Como no caso, por exemplo, das empresas que controlam usinas hidrelétricas e térmicas, que devem se beneficiar da diferença de preço de energia e da necessidade de flexibilidade no sistema elétrico.
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Por João Zanott, analista CNPI EQI Research
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