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BTG vê impacto limitado de tarifa dos EUA, mas alerta para riscos à Embraer, Suzano e WEG

BTG vê impacto limitado de tarifa dos EUA, mas alerta para riscos à Embraer, Suzano e WEG

A imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, anunciada pelo presidente Donald Trump, pode ter impacto econômico direto limitado sobre o Brasil, segundo avaliação do BTG Pactual ($BPAC11). 

Apesar disso, os analistas do banco de investimentos alertam para riscos em setores com maior exposição ao mercado norte-americano, como aviação, celulose e bens de capital.

No relatório “Estratégia Brasil”, o BTG destaca que apenas 12% das exportações brasileiras têm os EUA como destino, o que representa cerca de 1,7% do PIB nacional. 

“Assumindo a manutenção das isenções anteriores, a nova tarifa de 50% afeta agora cerca de 63% (US$ 26 bilhões) da cesta de exportações brasileiras aos EUA”, disseram os analistas do BTG. Com isso, a instituição estima uma redução no superávit comercial do Brasil de US$ 7 bilhões em 2025 e de US$ 13 bilhões em 2026, caso as tarifas não sejam revertidas.

Tabelas sobre "Exportações do Brasil para os EUA" e "Exportações brasileiras por destino"
Reprodução BTG Pactual

Setores mais afetados

Entre os setores mais vulneráveis, a Embraer ($EMBR3) é um dos principais destaques negativos. A companhia tem 60% de suas vendas concentradas no mercado americano. 

“Se a tarifa adicional de 50% sobre a produção brasileira for de fato implementada, isso será, inevitavelmente, uma má notícia para a Embraer”, afirmou o BTG. 

O relatório aponta que, na aviação comercial, ainda pode haver margem para repasse de custos, mas na aviação executiva — especialmente nos jatos Praetor, fabricados no Brasil — o impacto pode ser mais severo.

No setor de bens de capital, a WEG ($WEGE3) também aparece entre as mais expostas, com 20% a 25% das vendas totais concentradas nos EUA. Parte dos produtos vendidos no país, como transformadores e motores, ainda é exportada diretamente do Brasil. 

“Caso as tarifas mais altas persistam, acreditamos que a principal alternativa da empresa será a produção local”, disse o banco, que vê na aquisição da Regal uma possível estratégia de adaptação da companhia.

A Suzano ($SUZB3), no setor de celulose, também pode enfrentar dificuldades. 

“A capacidade da empresa de redirecionar esses volumes é o principal desafio, dada a demanda global ainda fraca”, avaliou o BTG, lembrando que cerca de 19% da receita da companhia vem da América do Norte, grande parte dos EUA.

Consequências políticas

Além dos efeitos econômicos, o BTG também avaliou as repercussões políticas do anúncio. O banco observa que a decisão do governo americano, motivada por críticas à condução de temas como a liberdade de expressão e o julgamento de Jair Bolsonaro, pode ter desdobramentos favoráveis ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“O PT recebeu a notícia com entusiasmo, classificando a ação de Trump como uma violação da soberania brasileira e posicionando Lula como o líder apto a defender o país diante do que considera uma decisão arbitrária”, disse o relatório. 

Analistas políticos consultados pelo banco acreditam que a medida pode fortalecer o discurso do atual presidente nas eleições de 2026, ao antagonizar com Trump e, indiretamente, com Bolsonaro.

Impacto neutro em outros setores

Outros setores avaliados pelo BTG devem sentir efeitos reduzidos. O petróleo, por exemplo, representa exportações com liquidez global, e o Brasil tem capacidade logística para redirecionar os barris atualmente vendidos aos EUA. 

“A imposição dessas tarifas pode gerar ruído de curto prazo, mas não representa risco estrutural à exportação da produção brasileira”, afirmou o BTG. No caso da Petrobras ($PETR4), apenas 4% de suas exportações de petróleo foram destinadas aos EUA no 1TRI25, segundo o relatório.

Na siderurgia, o impacto também deve ser mínimo. 

“O setor já estava sujeito a tarifas de 50%, portanto a nova medida não traz mudanças relevantes”, apontaram os analistas. 

A Gerdau ($GGBR4) aparece como “vencedora relativa”, com mais de 50% do EBITDA gerado nos EUA e sem dependência de exportações.

Por fim, no agronegócio, empresas como BRF ($BRFS3), JBS ($JBSS32), Marfrig ($MRFG3) e Minerva ($BEEF3) possuem exposição ao mercado norte-americano entre 1% e 5%. 

A exceção é a Jalles Machado ($JALL3), com metade de suas exportações de açúcar orgânico destinadas aos EUA. Ainda assim, o banco acredita que “os impactos financeiros devem ser relativamente limitados”.

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