O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (30), manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 15% ao ano. A decisão sinaliza que os juros devem permanecer nesse patamar elevado por um período prolongado, o que gera impactos diretos nas estratégias de investimento.
De acordo com Denys Wiese, estrategista da EQI Investimentos, o cenário favorece, sobretudo, os produtos de renda fixa.
“Com o CDI acompanhando a Selic nesse nível, as aplicações pós-fixadas continuam sendo a principal alternativa. Elas estão rendendo acima da média histórica e se beneficiam diretamente da manutenção da taxa”, explica.
Outra modalidade com bom desempenho são os títulos prefixados. Embora apresentem retornos ligeiramente abaixo da Selic — devido à expectativa de queda gradual dos juros nos próximos anos —, ainda é possível encontrar papéis pagando 15%, 16% e até 17% ao ano.
“Eles garantem uma rentabilidade interessante e preservam esse ganho mesmo se os juros começarem a cair”, afirma Wiese.
No segmento de renda fixa atrelada à inflação, os títulos IPCA+ também ganham destaque.
“Estamos vendo rentabilidades reais elevadas, com papéis oferecendo IPCA +7%, +8%, até +10% ao ano. Isso se deve, principalmente, ao juro real elevado, influenciado tanto pelo nível dos juros americanos quanto pelo risco-país acima da média”, pontua o estrategista.
A recomendação da EQI é diversificar entre as três principais classes da renda fixa: pós-fixados, prefixados e atrelados à inflação.
Copom mantém Selic e as oportunidades: Renda variável e oportunidades internacionais
Com os juros altos, o valor dos ativos de renda variável — como ações e fundos imobiliários (FIIs) — tende a ficar comprimido. No entanto, segundo Wiese, isso tem deixado esses ativos “baratos” em termos de valuation.
“Apesar da valorização ao longo do ano, ainda há espaço para ganhos no longo prazo. O grande gatilho para uma valorização mais significativa seria uma queda forte da Selic, o que ainda não está no horizonte”, afirma.
Para investidores com perfil de longo prazo, ações e fundos imobiliários continuam sendo uma alternativa viável, mesmo com a ausência de sinais claros de corte nos juros no curto prazo.
O que acontece com os FIIs agora?
A head e analista de FIIs da EQI Research, Carolina Borges, destaca que essa estabilidade impacta diretamente os fundos imobiliários, que têm forte correlação com os juros futuros. No caso dos fundos de papel, que investem em ativos indexados ao CDI, o cenário atual favorece a manutenção de dividendos elevados até o final do ano, sendo uma boa opção de renda para o investidor – desde que não sejam comprados com ágio acima do valor patrimonial.
Já os fundos de tijolo, embora atualmente paguem dividendos menores que a Selic, podem oferecer bons retornos no médio prazo com a combinação de renda e possível valorização dos ativos, caso os juros comecem a cair.
Com os cortes de juros projetados apenas para 2026, o investidor deve ser estratégico: usar os fundos de papel para gerar renda no curto prazo e manter exposição aos fundos de tijolo visando um retorno mais expressivo no futuro. A perspectiva de queda na taxa dependerá do avanço do processo desinflacionário no país.
Diversificação internacional é fundamental
Por fim, Wiese reforça a importância da diversificação internacional do patrimônio.
“O dólar, que chegou a ultrapassar os R$ 6 recentemente, está hoje na casa dos R$ 5,50 a R$ 5,60, o que oferece uma janela mais favorável para dolarizar parte dos investimentos”, destaca.
Segundo ele, aplicações em renda fixa nos Estados Unidos estão oferecendo retornos entre 5% e 7% ao ano em dólar, o que torna a estratégia ainda mais atrativa frente às incertezas do mercado doméstico.