A tão aguardada discussão sobre o pagamento de dividendos extraordinários pela Petrobras ($PETR3; $PETR4) não está na agenda da próxima reunião do conselho de administração da petroleira, marcada para sexta-feira (19), conforme informações da Reuters.
O conselho, predominantemente formado por representantes do governo, havia sugerido aos acionistas, em uma reunião realizada em março, a retenção de 100% dos R$ 43,9 bilhões que poderiam ser pagos em dividendos extraordinários referentes ao exercício de 2023, colocando-os em uma reserva estatutária. Essa medida reservaria os valores para distribuição em momentos posteriores.
Apesar de especulações sobre a possibilidade de o colegiado revisar o assunto antes da assembleia de acionistas, em meio a indicações de que o governo – o principal acionista – passou a defender o pagamento de pelo menos 50% do montante, as fontes afirmam que o tema não está na pauta da reunião do conselho em 19 de abril, a última antes da Assembleia Geral Ordinária (AGO) de acionistas, programada para 25 de abril.
“A definição de dividendos será direto na AGO, não no CA”, afirmou uma das fontes ouvidas pela Reuters. “Quem estiver dizendo que está na pauta (do CA) está mentindo. Não existe esse item na pauta”, acrescentou uma segunda fonte, também sob sigilo.
Dividendos extraordinários da Petrobras: entenda a crise
As discussões sobre o pagamento de dividendos extraordinários foram o ponto de partida para a última grande crise na Petrobras, que quase resultou na saída do CEO Jean Paul Prates, que defendia o pagamento.
A decisão do conselho da Petrobras de reter os montantes causou um grande impacto no mercado, resultando na perda de mais de R$ 55 bilhões em valor de mercado no dia seguinte à divulgação do resultado de 2023. Posteriormente, houve sinalizações de uma proposta para pagar 50% dos dividendos extras.
A AGO da próxima semana também deve definir a nova composição do conselho de administração da petroleira. Recentemente, dois representantes do governo, o presidente do conselho, Pietro Mendes, e o membro Sérgio Rezende, foram temporariamente afastados do colegiado por decisão da Justiça de São Paulo, mas as liminares foram derrubadas pela Advocacia-Geral da União (AGU).
EQI Research vê possibilidade de distribuição de 100% dos dividendos em futuro próximo
Para a EQI Research, com o governo federal detendo a maioria das ações com direito a voto, é ele quem decidirá sobre o assunto.
“Há expectativas de que pelo menos uma parcela (50%) dos dividendos extraordinários seja distribuída no curto prazo, com o restante possivelmente distribuído ao longo dos próximos trimestres”, aponta a casa de análise.
Com um caixa robusto na Petrobras e a necessidade de recursos pelo governo federal, essa distribuição é vista como uma possibilidade significativa, avalia.
“Os R$ 43,9 bilhões retidos representam aproximadamente 8,2% do valor de mercado atual da empresa, destacando o potencial impacto dessa decisão sobre os investidores. Essa perspectiva alimenta o otimismo em relação à Petrobras, com a possibilidade de dividendos substanciais em um futuro próximo, reforçando o sentimento positivo em relação às ações da empresa (PETR4)”, complementa a EQI Research sobre os dividendos extraordinários da Petrobras.