A Petrobras (PETR3; PETR4) deverá distribuir dividendos na ordem de US$ 15,8 bilhões no segundo semestre deste ano. As projeções são do Bank of America (BofA), que estima um rendimento mínimo de 7% para os dividendos da Petrobras.
As projeções do banco variam conforme a política de preços da estatal, alterada em 2023, que evita o repasse aos preços domésticos da volatilidade dos valores internacionais e da taxa de câmbio, além do próprio preço do petróleo.
Os analistas do banco norte-americano projetam que a probabilidade de a estatal anunciar dividendos extraordinários é alta. Nesse caso, o dividend yield (rendimento) mínimo para o período de julho a dezembro iria para 17%. No entanto, o banco lembra que a Petrobras não tem reserva estatutária e, por isso, não pode reter dinheiro em excesso.
Para 2024, o dividend yield mínimo deve ser de 15%, podendo ir a 21%. A média projetada para pares da Petrobras no mesmo período é de 9%.
“Os retornos em dinheiro representam um pilar essencial da tese de investimento da Petrobras, especialmente com os altos rendimentos oferecidos pelos concorrentes globais”, comentou o BofA em relatório.
Os analistas acreditam que o governo brasileiro deve manter a distribuição extra para impulsionar sua meta de déficit zero em 2024, conforme previsto no arcabouço fiscal. A União é acionista majoritário da empresa, portanto boa parte dos dividendos da Petrobras vão para o caixa público.
“Dado o perfil da Petrobras como uma Empresa Nacional de Petróleo (NOC, na sigla em inglês), os investidores exigem um rendimento mais alto em comparação com seus pares, considerando a possível influência governamental em decisões estratégicas como investimentos, precificação de combustíveis e políticas de dividendos, entre outras coisas”, pontua a instituição.
Petróleo pode afetar dividendos da Petrobras
Assumindo o preço do petróleo em US$ 90 por barril para o ano, o BofA estima que a Petrobras poderia pagar dividendos de cerca de US$ 19,5 bilhões, o que representa um rendimento de 21%.
Os rendimentos da estatal são mais sensíveis à cotação do petróleo, uma vez que sua geração de recursos é impulsionada pelo segmento de extração.
Ao mesmo tempo, a política de precificação de combustíveis da Petrobras também será fundamental para entender o potencial de geração de dinheiro da companhia, segundo o banco.
Com a recente alta nos preços do petróleo, a política passou pelo seu primeiro teste de estresse, diz o BofA. Desde o final de junho, os valores subiram cerca de 20%, levando a empresa a anunciar um aumento tanto no diesel quanto na gasolina de 25,8% e 16,3%, respectivamente, em agosto.
“Segundo nossos cálculos, com preços de US$ 90 o barril, cada desconto de 10% (para diesel e gasolina) em relação à paridade internacional afeta a geração de dinheiro da Petrobras em cerca de US$ 6 bilhões”, conclui o BofA.
