A B3 anunciou que excluirá as ações da Azul S.A. ($AZUL4) de todos os seus índices, conforme as normas do Manual de Definições e Procedimentos dos Índices da B3. A decisão foi tomada após a companhia aérea protocolar um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, sob o regime do Chapter 11, conforme Fato Relevante divulgado em 28 de maio de 2025.
As ações da Azul deixarão de compor os seguintes índices: IGCX, IBXX, IGCT, IBRA, IVBX, ISEE, ITAG, SMLL, IBXL, IDVR, IBHB, IBBR, IBEP, IBEW, IBBE, IBBC e IBOV.
A exclusão será efetivada ao preço de fechamento do pregão regular de 29 de maio de 2025. A participação da empresa será redistribuída proporcionalmente entre os demais ativos das carteiras, com os devidos ajustes nos redutores.
B3 exlui Azul de índices: recuperação judicial e plano de reestruturação
A Azul entrou com um processo voluntário de recuperação judicial nos EUA e garantiu um financiamento DIP (debtor-in-possession) de aproximadamente US$ 1,6 bilhão. O plano de reestruturação inclui a eliminação de mais de US$ 2 bilhões em dívidas.
O processo conta com o apoio de stakeholders estratégicos, como United Airlines, American Airlines e a arrendadora AerCap. O objetivo da companhia é reestruturar sua base de capital frente aos impactos da pandemia de COVID-19, desafios macroeconômicos e problemas na cadeia de suprimentos do setor aéreo.
Apoio de parceiros estratégicos
A United Airlines e a American Airlines demonstraram confiança na reestruturação da Azul, com possibilidade de aporte adicional de até US$ 300 milhões. Já a AerCap, principal credora de leasing da empresa, firmou um acordo formal de apoio ao processo.
“A United começou sua parceria com a Azul em 2014 e investiu na companhia em 2015. Já conectamos centenas de milhares de passageiros desde então”, afirmou Andrew Nocella, vice-presidente executivo da United. Stephen Johnson, da American Airlines, reforçou a confiança no plano e destacou os benefícios esperados para o setor aéreo brasileiro.
Finanças durante o Chapter 11
O financiamento DIP será usado para refinanciar dívidas existentes e garantir cerca de US$ 670 milhões em nova liquidez. Está prevista também uma oferta de subscrição de ações de até US$ 650 milhões, com garantia firme de investidores.
“Esses acordos representam um passo importante na transformação da Azul”, afirmou John Rodgerson, CEO da companhia. Segundo ele, o processo permitirá a criação de uma empresa aérea mais forte, resiliente e competitiva.
Operações mantidas e compromisso com clientes
Apesar do pedido de recuperação judicial, a Azul assegurou a continuidade normal de suas operações. Todos os bilhetes emitidos, pontos do programa de fidelidade e benefícios aos clientes serão mantidos, assim como os compromissos com funcionários e fornecedores.
A companhia opera cerca de mil voos diários para mais de 150 destinos, com uma frota de mais de 180 aeronaves e um time de mais de 15 mil colaboradores. Em 2023, foi reconhecida pela Cirium como uma das duas companhias aéreas mais pontuais do mundo.
Supervisão e transparência no processo
Para garantir transparência na reestruturação, a Azul formou um comitê independente especial responsável por supervisionar negociações, financiamentos e os trabalhos dos assessores envolvidos.
A empresa conta com assessoria jurídica dos escritórios Davis Polk & Wardwell, White & Case e Pinheiro Neto Advogados, e apoio financeiro da FTI Consulting e Guggenheim Securities.
Com o pedido de Chapter 11, a Azul também anunciou a suspensão das projeções financeiras anteriormente divulgadas para o ano de 2025.