Renda passiva com criptomoedas? Sim, e por que não? Geralmente, quando falamos em criptomoedas associamos o rendimento deste tipo de aplicação com a simples compra e venda das moedas digitais, levando em conta a natureza volátil deste ativo. Mas também é possível obter rendimento passivo com moedas digitais.
Muitas vezes, quando se fala em renda passiva, os investidores têm em mente outros tipos de aplicação como renda fixa e suas modalidades, como Tesouro Direto, fundos de investimentos imobiliários (FIIs), entre outros. Afinal, estes oferecem o pagamento de juros que dão essa possibilidade do aplicador obter uma renda passiva. Em outras palavras: fazer o “dinheiro trabalhar para si”, um tema muito popular hoje em dia no mercado financeiro.
Mas antes, precisamos entender bem como funciona o mecanismo das criptos antes de partir para um campo mais avançado desse investimento. Afinal, justamente por sua natureza volátil, as criptomoedas possuem riscos para quem ainda não está acostumado a investir nesses ativos.
As criptomoedas já estão no mercado desde 2009. Mas foi nos últimos anos que elas se tornaram mais populares no Brasil. No ano de 2020, em plena pandemia, o índice Ibovespa caiu 3%. Ao mesmo tempo, o Bticoin (BTC), a mais conhecida das criptomoedas, acumulou uma valorização de 318% no ano.
No início daquele ano, um BTC já valia o equivalente a R$ 37 mil. Mas em dezembro, chegou ao pico de R$ 158 mil.
Esse cenário demonstra que as criptomoedas são um investimento atrativo. Mas como todo tipo de investimento, possuem seus riscos. E os investidores estão começando aos poucos a descobrir quais as moedas virtuais que existem, além do BTC.
O que são criptomoedas?
Antes de entender como investir e ter uma renda passiva com criptomoedas, é preciso saber o que elas são. Diferentemente das moedas tradicionais, elas são descentralizadas. Ou seja, não existe um órgão ou governo responsável pela sua emissão e circulação.
Isto porque existem diferentes categorias. Nesse sentido, elas tanto podem servir como meio de troca e reserva de valor, quanto para executar e facilitar transações financeiras.
Esses ativos surgiram em 2009, após a crise financeira do ano anterior. Seu objetivo inicial era ser uma alternativa ao sistema financeiro tradicional – centralizado e regulamentado pelos governos.
O valor do ativo está baseado no sistema de tecnologia blockchain. Este não permite a manipulação dos dados inseridos nas plataformas de transação de moedas eletrônicas.
O que é blockchain?
A blockchain é uma espécie de banco de dados compartilhados e distribuídos, que contém uma cadeia de blocos ordenados de forma cronológica. Além de armazenar informações em forma de um código criptografado.
Em outras palavras, podemos entender que a blockchain é um banco de dados gigante, que não é controlado por nenhuma autoridade, seja um país, banco, empresa ou qualquer outra entidade, desenvolvido pelos próprios usuários através de transações entre eles. Assim, o sistema foi construído para que os participantes, os próprios usuários, sejam os controladores e auditores de tudo.
Em virtude disso, há uma cópia da blockchain nos computadores de todas as pessoas detentoras de um criptoativo. Com isso, as informações devem ser iguais em qualquer canto do mundo quando se acessa o sistema. Portanto, nenhuma alteração pode ser efetuada sem a aprovação da coletividade.
Para manter o padrão e uma coesão maior no sistema, os dados também são imutáveis, ou seja, se as transferências foram validadas e registradas, elas são eternas e não podem ser alteradas.
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DeFi: finanças descentralizadas
Antes de avançar um pouco mais é importante também entender o conceito de finanças descentralizadas, ou DeFi. É considerado um termo abrangente que representa uma variedade de aplicações e projetos que envolvem contratos inteligentes e blockchain.
Conforme as criptomoedas e a tecnologia blockchain se tornam cada vez mais presentes em diversos setores do mercado, o interesse por este contexto e aplicações vem aumentando na mesma medida.
Na prática, a aplicação das finanças descentralizada dispensa uma autoridade central de governança.
Dessa forma, pretende mudar a atuação do sistema econômico como conhecemos em múltiplos aspectos.
Isto inclui desde a movimentação digital do dinheiro, até o uso de ferramentas dentro de uma chamada “autogovernança” – mantida não por grandes players, mas sim por comunidades, fundações e institutos.
Na prática, os protocolos DeFi são aplicados em projetos como aplicativos financeiros, plataformas ou softwares construídos dentro de redes blockchain.
Eles são viabilizados pelos chamados contratos inteligentes (smart contracts).
A partir dessas aplicações, é possível remover a figura de intermediários como bancos, corretoras e demais instituições financeiras para a contratação de serviços como: Empréstimos; Seguros; Hipotecas; e Negociação de criptoativos.
Renda passiva com criptomoedas: construindo a rentabilidade
Agora que já vimos o que são criptomoedas, o conceito DeFI e já temos em mente o que é a tecnologoia blockchain, vamos ao que interessa: como construir uma renda passiva com criptomoedas.
Existem várias formas de construir esse tipo de rentabilidade, desde a mineração até o empréstimo de criptos:
Mineração
Quando o bitcoin começou a operar, era possível fazer a atividade da mineração em um computador comum. E muitos mineradores conseguiram ganhar dinheiro em casa com essa atividade
No entanto, com o aumento da demanda pelas criptomoedas, o processo tornou-se cada vez mais concorrido e sofisticado. Dessa forma, é preciso hoje ter uma capacidade de processamento bem elevada para que se possa fazer a mineração. Atualmente, ocorre uma grande corrida no sentido de desenvolver novas tecnologias para encontrar o próximo bloco e obter recompensas.
Staking
Staking de criptomoedas é a ação de alocar moedas digitais (travar) para ajudar na validação das operações de uma rede blockchain. É o mecanismo conhecido como proof of staking. Como recompensa, recebe-se novas moedas e isso caracteriza o recebimento de renda passiva no mundo cripto.
Toda moeda digital precisa de um mecanismo conhecido como prova de consenso. Ela serve principalmente para evitar o problema do gasto duplo, quando uma mesma quantia de dinheiro poderia ser gasta duas vezes.
Para participar de uma prova de participação (proof of staking) e fazer de fato o staking, o investidor precisa colocar à disposição da rede suas criptomoedas.
Isso quer dizer que durante o tempo determinado, ele não poderá negociar suas criptos. Nesse tempo, ela fica à disposição da rede para trabalhar como prova de consenso das transações realizadas.
Empréstimo (lending)
Outra forma de obter renda passiva com criptomoedas é com a prática conhecida como lending, ou empréstimo. Nesta forma, o investidor pode acessar alguns serviços P2P (ponto a ponto) que podem ser utilizados para esse fim.
Quando há a utilização de tecnologia P2P, o dono das criptos deixa o ativo travado até que seja recebido o pagamentos dos juros combinados no empréstimo das moedas virtuais.
Helena Margarido, criptoanalista da Monett, avalia que, no momento, o mercado sofreu uma forte desvalorização, saindo da casa de US$ 3 trilhões e caindo para US$ 1 trilhão. Desta forma, muitas iniciativas acabaram ficando desvalorizadas. E enfatizou que para ter uma renda passiva ela considera o staking como sendo a alternativa mais interessante.
“É preciso buscar uma moeda que seja um criptoprotocolo ou um token e que tenha algoritmo de consenso proof of staking. O bitcoin, por exemplo, não é uma boa opção, ele é proof of work. Então para ganhar mais bitcoin, só melhorando o poder computacional mesmo”, avaliou ela.
Por outro lado, explica ela, o proof of staking será implementado na semana de 19 de setembro no Ethereum. “Então pode ser uma boa alternativa, se possuir ethereum, fazer staking”, completou.
A criptoanalista sugere que o investidor busque fazer um bom estudo do assunto e muita pesquisa, porque os preços são extremamente voláteis, então não será como deixar o dinheiro em uma aplicação no banco e ficar recebendo os juros.
“O valor depositado para gerar a renda passiva oscila bastante. Então recomendo investir somente uma parte do patrimônio em que o investidor esteja confortável em passar pela volatilidade e que essa renda seja utilizada como parte de uma renda passiva dos investimentos como um todo”, aconselha.
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