Como viver de renda?
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
/Renda Fixa
Artigos
Chegou a hora de estocar renda fixa na carteira? 

Chegou a hora de estocar renda fixa na carteira? 

No começo da pandemia você deve se recordar da corrida aos mercados para estocar papel higiênico. Quando há percepção de falta iminente, esse é o comportamento mais racional. Hoje, muita gente tem discutido se chegou o momento de estocar renda fixa na carteira, sejam prefixados ou IPCA+ de longo prazo, com o objetivo de “travar” taxas em patamares acima da média histórica.  

Eis aqui a nossa opinião sobre o tema. O que o passado pode nos ensinar… 

O patamar atual das taxas de juros se equipara aos maiores níveis dos últimos 20 anos, observado entre 2015/16 no segundo mandato de Dilma Rouseff. 

Vamos traçar um paralelo com o que estava acontecendo naquele momento. 

É hora de estocar renda fixa na carteira? Cenário retrospectivo

O PIB apresentava queda de 3,1% acumulada no biênio 2015/16, com a inflação superando os 10% ao ano, havia um grave problema de credibilidade com o mercado e a relação dívida bruta/PIB crescendo consideravelmente. 

Naquele momento, imperavam dúvidas sobre como a economia suportaria os próximos anos, e qual era o compromisso e a capacidade do governo contornar essa situação. 

Esse cenário adverso também estava refletido nas taxas de juros. Naquele momento, as taxas das NTN-Bs giravam em torno de 7,8%, enquanto as taxas pré-fixadas chegaram a incríveis 16,6%. 

Era extremamente difícil ser otimista com a economia brasileira naquele momento. 

gráfico taxas renda fixa

Como você pode ver no gráfico anterior, entre agosto e outubro de 2015, as taxas pagas pelo governo pelos títulos prefixados com vencimento em 2018 saíram da casa dos 12,8% ao ano para o patamar de 16,7% ao ano. 

Me diga: olhando para tudo isso em retrospectiva, sem saber o que aconteceu nos anos seguintes, como você investiria? 

Todo esse pessimismo com o descarrilhamento da economia brasileira foi substituído pouco tempo depois, ao longo do primeiro semestre de 2016, refletindo a troca de governo, a percepção de aumento do esforço quanto à questão fiscal e a recuperação da credibilidade com o mercado financeiro. 

Quem aceitou o risco e adquiriu os títulos pré-fixado (LTNs) e IPCA+ (NTN-Bs) em meio à falta de visibilidade, acabou surfando uma grande onda de valorização nos anos seguintes: 

gráfico taxas renda fixa

Tá, mas como esse passado, nem tão distante, nos ajuda a entender se vale a pena estocar taxa agora? 

Hoje, temos um mercado com taxas de juros similares as que víamos em 2016, fruto da falta de credibilidade do governo, com trajetória, perfil e um custo de carrego insustentável da dívida pública, além da desancoragem das expectativas de inflação. 

Somos da opinião de que essa característica macunaímica da economia do Brasil, flertando sempre com o precipício, mas nunca caindo, tem reforçado alguma inflexão como a que temos observado nesse princípio de 2025. 

A queda de popularidade do Lula, somada à clara dificuldade de articulação política vs. em seus governos passados (taxa média de aprovação de MPs caiu de patamar superior a 80% no Lula I e II para a casa dos 20% no Lula III, segundo estudo do Poder 360), tem feito o mercado antecipar bastante as eleições de 2026 para agora.  

Não temos bola de cristal e muito menos a pretensão de cravar o que vai acontecer, mas, é indiscutível que as taxas ofertadas no momento estão altas em termos históricos, para uma leitura de luz no fim do túnel: 

gráfico tesouro

Perceba no gráfico anterior que as taxas reais dos títulos IPCA+, aqui representados pelo yield do IMA-B, cesta com os títulos públicos do governo com prazo médio para o vencimento na casa dos 6 anos, estão bastante elevadas em comparação com a média dos últimos oito anos (IPCA+ 4,8%). 

Apenas como ilustração, entre o final de 2018 e o final de 2019, diante da recuperação de ânimo dos investidores e da economia brasileira, os juros reais das NTN-Bs cederam, na média, quase 3 pontos percentuais, oferecendo valorizações da ordem de 29%, em termos reais, ou seja, já descontando a inflação do período. 

Como agir: estocar ou não?

A conclusão, portanto, é: vemos assimetrias nas taxas atuais que nos fazem gostar da ideia de “estocar” essas taxas. Especialmente se você tem por objetivo segurar os títulos até o vencimento, em uma lógica de aposentadoria, por exemplo. 

Agora, não recomendamos a “estocagem” se você acredita que o cenário pode ser diferente desta vez e que as coisas podem piorar ainda mais no cenário político-econômico.  

Como foi no passado, esperar para ter uma visão muito mais clara vai refletir em taxas mais comprimidas. É preciso escolher a sua versão de futuro.  

Se tem uma coisa que o mercado já mostrou, é que boas taxas não ficam na mesa para sempre. Se eu fosse você, daria uma olhada agora nas carteiras recomendadas da EQI Research no nosso app e veria onde faz sentido se posicionar!

Por Felipe Paletta, analista CNPI da EQI Research