Há um ano, tomava posse um dos presidentes considerados mais controversos da América Latina. Trata-se do argentino Javier Milei, que venceu o pleito no país, contra o então ministro da Economia, Sérgio Massa, peronista e candidato da situação. Passados 12 meses, o que mudou com o governo Milei?
Entre as principais mudanças, está a adoção de diversas medidas de austeridade econômica, com o foco de tentar reduzir a inflação disparada no país. As medidas incluem o fim de subsídios pagos pelo governo anterior, o que levou a um aumento das tarifas de energia, serviços públicos, aluguel de imóveis, transporte, entre outros.
Essas elevações foram reflexo de uma das primeiras modificações adotadas por Milei, que foi a dramática desvalorização do peso frente ao dólar.
Porém, essas mudanças, têm surtido algum efeito. Em outubro deste ano, a inflação no país registrou uma desaceleração para 2,7% contra 3,5% no mês anterior, sendo o mais baixo nível desde novembro de 2021. Porém, no acumulado de 12 meses até outubro, ainda estava próximo dos 200%.
O governo da Argentina também divulgou um leilão de mais de 400 edifícios do estado. A iniciativa foi anunciada para arrecadar cerca de US$ 800 milhões (aproximadamente R$ 4,5 bilhões) para reduzir gastos considerados desnecessários pela gestão.
A medida inclui, além do leilão, a venda de outras 800 propriedades, num esforço de enxugamento da máquina estatal. Entre os imóveis destacados para venda está o antigo prédio do Ministério das Mulheres, Gêneros e Diversidade, no bairro de San Telmo, avaliado em US$ 12,5 milhões (R$ 71,2 milhões).

Outras medidas do governo Milei
A gestão de Milei também realizou a extinção da Agência Federal de Ingressos Públicos (AFIP), equivalente à Receita Federal brasileira.
A AFIP será substituída pela nova Agência de Arrecadação e Controle Aduaneiro (ARCA), que terá uma estrutura simplificada, com 45% menos cargos de autoridades superiores e 31% a menos de postos inferiores, resultando em um corte de 34% no quadro atual de servidores.
Em abril, Câmara dos Deputados da Argentina aprovou, com cortes, um amplo plano de reforma econômica proposto pelo presidente. Esse pacote ficou conhecido como “Lei Ônibus”, é considerado fundamental para que os argentinos consigam atrair investimentos e conter a inflação.
A confiança do Milei tem sido tanta, que ele mesmo manteve seu compromisso de eliminar totalmente o déficit fiscal do país até o próximo ano, destacando sua política de austeridade fiscal, apesar da grave crise econômica.
Segundo o Financial Times, o plano do governo prevê um superávit primário de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB), além de uma recuperação econômica projetada de 5% em 2025, após uma contração de 3,8% estimada para este ano.
E os próprios argentinos também mantêm sua confiança no governo. Economias voltaram ser depositadas nos bancos, tendo um aumento de 40% desde sua posse na Casa Rosada, subindo para um total de US$ 19,8 bilhões alocados nas poupanças.
Dos US$ 5,7 bilhões depositados desde que Milei assumiu o cargo, cerca de US$ 1,4 bilhão entraram em circulação depois do início do programa de anistia fiscal do governo, em 17 de julho.
Milei: de candidato controverso a capa da Time

A campanha presidencial do ano passado, considerada uma das mais incertas da história do país, foi marcada pelo discurso de intensa mudança adotada pelo então candidato “libertário” ou “ultraliberal”. Com a frase, “viva la libertad, carajo!”, Milei conquistou os eleitores argentinos, encerrando um ciclo de anos de governos peronistas.
No entanto, apesar dos avanços e muita austeridade, algumas promessas de campanha ainda não saíram do papel: e foram duas das mais discutidas, como a dolarização total da economia e o fechamento do Banco Central da República Argentina. Estas medidas ainda não foram adotadas pela gestão.
Em junho, Milei estampou a capa da revista norte-americana Time, uma dos veículos mais prestigiados do mundo. E não foi só: também esteve na capa da inglesa The Economist.

Agora, Milei tem mais três anos pela frente para tentar mudar o cenário argentino. Não é tarefa fácil. Mas com certeza, outras medidas virão pela frente para tentar virar o dramático jogo da economia, corroída pela inflação e uma população cada vez mais pobre.
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