O presidente da Argentina, Javier Milei, reafirmou seu compromisso de eliminar completamente o déficit fiscal do país até 2025, destacando sua política de austeridade fiscal, apesar da grave crise econômica.
Em um discurso transmitido nacionalmente, Milei apresentou o projeto de orçamento para o próximo ano, sublinhando a importância de o país respeitar seus limites financeiros.
Segundo o Financial Times, o plano do governo prevê um superávit primário de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB), além de uma recuperação econômica projetada de 5% em 2025, após uma contração de 3,8% estimada para este ano.
O plano também prevê uma desaceleração significativa da inflação, com alta prevista de 18,3% nos preços ao consumidor em 2025, em comparação com uma inflação de 122,9% projetada para 2024.
Disputa de Milei no congresso
Milei transformou a apresentação técnica do orçamento em um evento político de grande destaque, num momento delicado para seu governo. Ele enfrenta pressões crescentes para aumentar os gastos, enquanto sua popularidade apresenta sinais de declínio.
Segundo informações da Exame, durante o discurso no Congresso, que teve baixa participação devido ao boicote de parte da oposição, Milei enfatizou a importância de um rigoroso controle das contas públicas e da contenção dos gastos governamentais.
A apresentação ocorre em meio a intensos embates entre o governo e o Congresso. Recentemente, o governo de Milei conseguiu manter o veto a uma lei que aumentaria as aposentadorias, o que teria comprometido seu programa de austeridade.
Em contrapartida, o Congresso aprovou um aumento de recursos para universidades, mas Milei já sinalizou sua intenção de vetar essa medida para preservar o equilíbrio fiscal.
Ajustes e pressão política
O projeto de orçamento do governo inclui mecanismos automáticos para ajustar receitas e despesas caso o crescimento econômico fique abaixo das projeções. Isso visa garantir que o governo cumpra a meta de déficit zero, independentemente das flutuações econômicas.
Milei também apelou aos governos provinciais, pedindo que adotem medidas similares de corte de gastos. Ele sugeriu uma redução adicional de US$ 60 bilhões (cerca de R$ 335 milhões) nas despesas das províncias, contribuindo para a sustentabilidade fiscal nacional.
Apesar de tentar angariar apoio popular ao se posicionar como defensor da austeridade, Milei enfrenta desafios.
Analistas indicam que seu principal obstáculo será conseguir a aceitação pública de um programa de cortes tão severo durante um período de recessão. A habilidade de equilibrar as contas públicas e, ao mesmo tempo, impulsionar a recuperação econômica será crucial para a manutenção do apoio ao presidente.
Desde que assumiu o cargo, em dezembro do ano passado, Milei tem buscado reverter décadas de má gestão fiscal na Argentina, promovendo políticas de contenção de gastos e redução da dívida. Contudo, com a economia em recessão técnica desde o início deste ano, o impacto social das medidas de austeridade pode comprometer a sustentabilidade do programa a longo prazo.
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