Embora o candidato governista Sergio Massa tenha liderado as eleições argentinas com uma margem superior a 2 milhões de votos, o posto de favorito para vencer as eleições entre os “hermanos” ainda pertence a Javier Milei, da coalizão política La Libertad Avanza.
Antes mesmo do início da campanha eleitoral e, obviamente, durante ela, Milei fez comentários fortes sobre política internacional atacando os países que ele considera comunista.
Um desses comentários estava relacionado ao Brasil.
No início de outubro, Milei repercutiu uma reportagem do “Estadão” que sugeriu o suposto envolvimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na votação de uma operação do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) para liberar um empréstimo de US$ 1 bilhão à Argentina, supostamente para prejudicar a candidatura de Milei.
O libertário chamou Lula de “comunista nervoso”, acusando o petista de agir contra sua candidatura. “A casta vermelha treme. Muitos comunistas nervosos agindo diretamente contra mim e meu espaço”, escreveu.
Anteriormente, Milei chocou o mundo ao declarar que não faria negócios com comunistas.
Além disso, Milei já afirmou que romperia laços com a China e o Mercosul, embora eles tenham grande relevância para a economia argentina. O Brasil e a China são os dois principais parceiros comerciais da Argentina.
Em 2022, de acordo com o relatório do Conselho Empresarial Brasil China (CEBC) sobre Investimentos Chineses no Brasil: 2022 – Tecnologia e Transição Energética, a Argentina recebeu US$ 1,34 bilhão de Pequim, enquanto o Brasil recebeu US$ 1,30 bilhão.
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O lobby brasileiro e, principalmente, o chinês foram importantes para a inclusão dos argentinos no novo grupo BRICS.
Em substituição aos chineses e brasileiros, Milei mencionou que se aproximaria dos EUA e Israel. “Nosso alinhamento geopolítico é com os Estados Unidos e Israel. Essa é a nossa política internacional. Nós não vamos nos alinhar com comunistas“, disse Milei em um evento do Conselho das Américas, uma organização de livre comércio.
Em outra ocasião, Milei declarou que não faria negócios com Lula em uma entrevista ao jornalista Tucker Carlson, ex-Fox News.
“Não vou fazer negócios com nenhum comunista. Eu sou um defensor da liberdade, da paz e da democracia. Os comunistas não entram aí. Os chineses não entram aí. Putin não entra aí. Lula, digamos, não entra aí“, disse
Outro comentários de Milei contra Lula
Em uma entrevista à revista “The Economist”, Milei afirmou que Lula está “usurpando a liberdade de imprensa” e “perseguindo a oposição”. Além disso, o candidato disse que não vê Lula como um “presidente democrático”.
Diante disso, a reportagem perguntou ao economista ultraliberal como ele veria o presidente brasileiro: “No caso do Lula é mais complicado… porque ele tem uma vocação totalitária muito mais marcada. Em outras palavras, ele não é apenas um socialista. Ele é alguém que tem vocação totalitária“.
Resumo das eleições da Argentina
O primeiro turno das eleições na Argentina foi realizado no último domingo (22), com o candidato governista Sergio Massa da Unión por la Patria liderando a disputa com 9,6 milhões de votos, ou 36,68% do total.
Apesar da vitória parcial, o grande destaque das eleições argentinas pertence ao segundo colocado, Milei, com 7,8 milhões de votos, ou 29,98% do total.
O libertário surpreendeu os políticos tradicionais ao vencer as eleições primárias por 30,04% em agosto. As eleições primárias são um procedimento eleitoral que ocorre antes das eleições gerais na Argentina e têm o propósito de definir os candidatos que representarão cada partido ou coligação nas eleições presidenciais, legislativas e outros cargos nacionais.
Milei liderou as pesquisas durante todo o período eleitoral e se tornou o favorito para vencer o pleito, apesar da vantagem de mais de 2 milhões de votos de Massa sobre Milei.
A pesquisa eleitoral Atlas Intel, de 30 de setembro, realizou uma simulação entre os dois candidatos, na qual Milei liderou com 43,5% das intenções de voto contra 37,5% de Massa.
O fiel da balança fica a cargo dos eleitores de Patricia Bullrich, ligada ao ex-presidente da Argentina, o liberal Maurício Macri. Os eleitores da coalizão Juntos por el Cambio com um perfil mais à direita tendem votar em Milei.
No entanto, a pesquisa ainda oferece uma pequena esperança para Massa, já que apenas 17% dos indecisos votariam em Milei.