Os Correios registraram um déficit histórico de R$ 2 bilhões entre janeiro e setembro de 2024, segundo informações do portal Poder360. Caso o ritmo se mantenha, o prejuízo deve ultrapassar o recorde de 2015, quando o déficit foi de R$ 2,1 bilhões.
Para conter a deterioração das contas, a estatal implementou em outubro um teto de gastos de R$ 21,96 bilhões para o ano. No entanto, mesmo com as medidas, o prejuízo deve atingir pelo menos R$ 1,7 bilhão, considerando a revisão de receita projetada para 2024, de R$ 20,1 bilhões – uma queda em relação aos R$ 22,7 bilhões estimados inicialmente.
Após o prejuízo de 2015, os Correios recuperaram a lucratividade durante os governos Michel Temer e Jair Bolsonaro. Durante o auge da pandemia, em 2021, a estatal alcançou o maior lucro de sua história: R$ 3,7 bilhões, impulsionado pelo crescimento do e-commerce e pelo aumento de importações da China por meio de plataformas populares como Shopee e AliExpress.
No entanto, em 2023, já sob a gestão do presidente Lula, a empresa realizou uma manobra contábil que impactou retroativamente o balanço de 2022. Essa ação incluiu o pagamento de R$ 1 bilhão em indenizações trabalhistas, transformando o lucro de R$ 200 milhões registrado no último ano do governo Bolsonaro em um prejuízo de R$ 800 milhões.
Correios : medidas de contenção
Além do teto de gastos, os Correios implementaram três ações para conter o rombo:
- Suspensão de contratações temporárias: Proibição de novas contratações de mão de obra terceirizada por 120 dias.
- Redução de contratos em vigor: Renegociação para cortar, no mínimo, 10% do custo de contratos ativos.
- Encerramento de contratos: Prorrogações só serão permitidas mediante economia comprovada nas renegociações.
Essas medidas visam “recompor o saldo do orçamentário/caixa para retomada do equilíbrio econômico-financeiro e evitar que a empresa entre em estado de insolvência”, conforme trecho de documento citado pelo Poder360.
Os Correios atribuíram a crise financeira à frustração de receitas provocada por dois fatores principais:
- Herança contábil da gestão anterior (2019-2022): A estatal aponta decisões da administração do governo Bolsonaro como responsáveis pela situação atual.
- Queda nas importações devido à “taxa das blusinhas”: A medida defendida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reduziu as compras internacionais, afetando o volume de encomendas e a receita dos Correios.
Apesar da crítica à gestão anterior, os Correios tiveram lucro em três dos quatro anos do governo Bolsonaro.
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Perspectiva
As receitas projetadas para 2024 indicam um crescimento tímido de 1,5% em relação a 2023, enquanto as despesas devem cair 1,8%, resultado de economias de R$ 600 milhões.
Porém, especialistas apontam que, sem reverter a trajetória de prejuízo, a estatal pode enfrentar a necessidade de resgate pelo Tesouro Nacional, reacendendo o debate sobre a viabilidade da empresa pública.
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